quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

E se fosse o seu filho?

Cristina Miranda

É muito fácil opinar sobre coisas que não nos atingem (por enquanto). Ter todos os nossos filhos calmamente a jantar conosco enquanto ouvimos o Jornal da  Noite a relatar os horrores vividos numa noite de concerto da Ariana Grande em Manchester. Famílias destruídas em dor. Mães desesperadas sem saberem das filhas. Não custa nada. 

Foto: Andy Rain/EPA

Principalmente se no dia seguinte não temos de atravessar as “No Go Zones” (porque não as há ainda), nem fazer um desvio para o trabalho porque certa zona está fechada por ameaça de bomba ou ataque iminente de terrorismo. Nem ter de olhar para todos os lados com medo. Não nos afeta nada porque por enquanto não há cá nada disso. Por enquanto.

Por isso alguns “jornalixos”, que trabalham na SIC podem dar-se ao luxo de fazer comentários medonhos, como aquele que quase me provocava uma congestão assim que o ouvi. À questão de Clara de Sousa, em que ela perguntava se na impossibilidade de termos um policial por cada pessoa, teríamos de nos habituar aos atentados, responde calmamente este ignóbil: sim, nós também já nos habituamos a viver com as ameaças climáticas e com as catástrofes naturais.” Mas que raio de comentário é este?

Eu sei que para este “jornalixo”, e outros como ele, os filhos dos outros são filhos de um Deus menor. Não dói. Logo, coração que não sente é porque, na ótica deles, a dor não existe. Ou se existe, é passageira. Porque só fala assim quem dentro de si não tem qualquer humanidade. Mas é gente assim que nos entra pela casa dentro a vomitar asneiras em horário nobre.

Gente inconsequente que não mede as palavras, que não sabe o que diz, ou simplesmente se está borrifando para o sentimento alheio. Mas, se em vez do relato sobre as jovens vítimas inocentes fosse sobre o seu filho?

Tenho a certeza absoluta que só quando o sangue chegar cá, quando se implodirem no meio de nós, quando forem os nossos entes a serem projetados em bocadinhos por todo um recinto, quando também neles fizerem parte filhos de jornalistas, políticos, governantes, quando não forem os outros, mas sim, os nossos, tudo muda.

Os discursos alarves serão substituídos rapidamente por revolta e sede de mudança. Porque, infelizmente para muitos, só na carne a sofrer a perda, saberão por que tanta gente clama por proteção. Porque é fundamental tomar medidas urgentes contra este mal que tomou conta de nossas vidas. Até lá “keep calm”, que é só um atentado.

Quando se é jornalista, a responsabilidade é muito maior. Já nos basta os políticos a esconder de nós tudo o que podem, para não perderem votos devido às políticas ruinosas de gestão dos dossiês sobre refugiados e terrorismo. Por isso, no mínimo, a comunicação social deveria, de forma isenta e independente, fazer um serviço público de qualidade informativa, não para proteger o sistema, mas para defender os cidadãos.

Ao optarem descaradamente pela primeira, vendendo-se à classe que nos manipula a vida, expondo-nos irresponsavelmente aos perigos e ao medo, enquanto se escondem nas “fortalezas” deles, estão simultaneamente a manchar as mãos de sangue de todas as vítimas que sucumbiram às mãos deste produto do islão: o extremismo islâmico.

Os “bois” têm nome [islão, terroristas, radicais, Daesh, extremismo islâmico] é preciso dizê-lo e escrevê-lo sem medo. Por que é reconhecendo o inimigo que se pode combatê-lo.

Porque um dia virá em que serão os seus filhos.

Título e Texto: Cristina Miranda, 26 de maio de 2017, in “As minhas Blasfémias”, páginas 194/196
Digitação: JP, 1-2-2023

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