Foto: Geraldo Magela/Agência Senado |
Em nome do combate à desinformação,
criou-se no Brasil uma espécie de Ministério da Verdade
Rodrigo Constantino
Começou a nova legislatura. A presidente do Supremo Tribunal Federal fez um discurso firme em defesa da democracia, condenando os atos golpistas do dia 8 de janeiro, e lembrou que não existe democracia sem liberdade de imprensa. Enquanto isso, um colega seu tuitava apenas “democracia inabalada”, e recebia de parte do público as congratulações por sua implacável defesa da democracia. Já o presidente do Congresso Nacional descreveu sua gestão como basicamente impecável. Tudo muito lindo. Se ao menos fosse verdade…
Liberdade de imprensa? Será
que isso inclui a perseguição contra o único veículo de comunicação com
penetração nas rádios e na televisão, que culminou na demissão de vários
comentaristas com viés mais à direita por insuportável pressão do sistema?
Temos jornalistas com redes sociais censuradas, com contas bancárias congeladas
e até passaportes cancelados, tudo isso pelo “crime de opinião” criado pelo
STF. Isso faz parte de uma democracia saudável, por acaso?
Em nome do combate à
desinformação, criou-se no Brasil uma espécie de Ministério da Verdade. Em seu
discurso como candidato à reeleição, Pacheco disse que as famílias brasileiras
não podem ficar sujeitas a mentiras. Ou seja, o presidente do Congresso
resolveu o que é verdade ou mentira e defendeu a censura a quem discorda dele logo
depois?
Pacheco comemorou sua vitória com figuras como Renan Calheiros, Randolfe Rodrigues, Omar Aziz e companhia. É esse o Brasil democrata, da pacificação, da lei, da honestidade e do bom senso?
Foto: Roque de Sá/Agência Senado |
Cenoura e bastão: as formas
mais eficazes de “persuadir” alguém são o incentivo de prêmios ou a ameaça de
punição. Foi isso que aconteceu na eleição para o comando do Senado? Se sim,
então não podemos mais falar em democracia. A esperança do brasileiro decente
vai se esvaindo a cada dia. O discurso do vitorioso Pacheco mencionou
independência entre os Poderes, mas todos já perceberam que o Senado, sob seu
controle, virou uma espécie de puxadinho supremo, subserviente aos mandos e
desmandos monocráticos dos ministros.
Tanto o senador Rogério
Marinho como o senador Eduardo Girão fizeram discursos muito sóbrios e firmes
sobre a necessidade de restabelecer no país o Estado de Direito, mas pelo visto
os interesses particulares dos senadores indecisos falaram mais alto. Pacheco
comemorou sua vitória com figuras como Renan Calheiros, Randolfe Rodrigues,
Omar Aziz e companhia. É esse o Brasil democrata, da pacificação, da lei, da
honestidade e do bom senso? Não dá para culpar quem vai jogando a toalha e
desistindo do país. O mistério é como o Brasil ainda não afundou de vez com
essa turma!
Manda quem pode, obedece quem
tem juízo. Na Câmara vimos a bancada de oposição assumir com gritos e placas de
Fora Lula, mas a verdade é que a margem de manobra da oposição fica cada vez
menor. O instrumento de freio e contrapeso falhou. O fatídico 8 de janeiro deu
o pretexto para que o sistema avance ainda mais contra as liberdades. E o
sistema é poderoso demais, como ficou claro. Agora é se reagrupar para mitigar
os estragos, para tentar salvar o que for possível de nossa democracia
cambaleante. Mas não será tarefa trivial.
Afinal, os ícones desse
sistema alegam que, graças a eles, a democracia está “inabalada”. Com um pouco
mais de esforço e empenho dessa turma, quem sabe o Brasil não chega a um
patamar venezuelano de democracia? Lá, não custa lembrar, Lula dizia que há
excesso de democracia. Adoraria ser mais otimista, mas minha consciência me
obriga a fazer uma análise sincera para meu leitor. E a realidade é que o
prognóstico não é nada animador. Apertem os cintos!
Título e Texto: Rodrigo
Constantino, Revista Oeste, nº 150, 3-2-2023
Culpado é mais lucrativo
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FOTO LEGENDADA NÚMERO UM, CLICADA NO EXATO MOMENTO EM QUE MAGRELA COMENTAVA COM O SENACANTOR PABLLO VITTAR:
ResponderExcluir- Espere só para você ver a cara do povo brasileiro, digo, dos trouxas, quando esta foto vier a público.
Aparecido Raimundo de Souza
de Santo Eduardo RJ