As notícias ruins sobre o governo Lula camufladas por boa parte da imprensa estão entre os destaques desta edição
Passados mais de dois meses da
posse de Lula, o partido da velha imprensa continua em combate — sempre na
oposição a Jair Bolsonaro. Críticas ao ex-presidente desviam as atenções de
sucessivas notícias ruins produzidas pelo governo petista. Lula avisa que o
BNDES voltará a financiar governos e ditaduras de esquerda. Os jornais preferem
atribuir a Bolsonaro um segundo genocídio: o que ameaça liquidar a etnia
ianomâmi. O MST e suas sucursais invadem dezenas de fazendas produtivas em
várias regiões do país. A mídia estimula a fantasia de que o mundo vai
encarregar o presidente brasileiro de resolver a guerra na Ucrânia. O preço da
gasolina aumenta vertiginosamente nos postos de gasolina por causa da volta do
imposto federal. As manchetes são ocupadas pelas joias que Michelle Bolsonaro
teria tentado contrabandear.
A cortina de fumaça forjada por essa imprensa é o tema da reportagem de capa desta edição, assinada por Silvio Navarro. “Dos mesmos criadores do ‘despiora’ da economia e da profusão de manchetes adversativas, agora surgiu a ‘reoneração’ dos combustíveis e as ‘viroses’ carnavalescas — a covid sumiu”, observa Navarro.
Nesta quarta-feira, um artigo da economista Zeina Latif, no jornal O Globo, mostrou que, graças a medidas do governo anterior, a taxa de desemprego, embora alta, tem oscilado em torno de 8,7%, o que é positivo no caso do Brasil. Os editores, claro, não poderiam deixar passar incólume qualquer elogio a Bolsonaro e Paulo Guedes e conceberam um título esperto: “Desemprego é alto, mas está baixo”. As pessoas que leem só títulos — cerca de 70% — certamente deduziram que o governo Lula acertara mais uma.
Outro escândalo
previsivelmente subestimado pela imprensa envolve Juscelino Filho. O ministro
das Comunicações não se limitou a usar dinheiro público no asfaltamento da
estrada que cruza uma das fazendas da família no Maranhão. Também usou um jato
da FAB para ser premiado numa exposição de cavalos de raça em São Paulo e
bancou o passeio com diárias debitadas na conta do ministério. Os jornais só se
lembraram de Juscelino para divulgar o encontro que teve com Lula — “altamente
positivo”, segundo o visitante
“O ministro está liberado para
novas aventuras”, afirmou J.R. Guzzo, no artigo publicado nesta
edição. “É um fato bem simples: Lula e o PT fazem parte e estão sob a proteção
integral do partido político mais poderoso que o Brasil já teve em seus 523
anos de história — o consórcio nacional cujo objetivo estratégico é eliminar
qualquer possibilidade real de se combater a corrupção neste país.” Como
lembrou Guzzo, se as coisas estão assim com apenas dois meses de governo,
imagine mais para a frente.
Boa leitura.
Branca Nunes, Diretora de Redação, Revista OESTE, 14-3-2023
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