Adriano Benayon
Em outro artigo em que trato do colapso
financeiro, ponho em dúvida que o império esteja no fim, inclusive porque ainda
é o poder militar que sustenta o dólar. Nessa linha, a oligarquia financeira
perpetrou mais um latrogenocídio, para alijar da Líbia um regime cujo crime, aos
olhos imperiais, foi melhorar muito as condições de vida de seu povo.
2. Em 24.08.2011, a NATO (organização
composta pelas potências imperiais e satélites), relatou ter, nos últimos cinco
meses, realizado 20.121 missões aéreas, incluindo 7.597 bombardeios. Não
mencionou quantos mísseis destruidores lançou dos navios sobre alvos na Líbia,
nem o número de mortes de civis, inclusive crianças, nem ter destruído a
infra-estrutura, escolas, hospitais etc.
3. Essa é a “ação humanitária” alegada
pelos sucessores de Goebbels. O atual período faz lembrar os anos 30, e as
agressões hitleristas contra uma sucessão de países vitimados. Estavam os
países centrais em depressão, ganhavam espaço o fascismo e novas empreitadas
colonialistas.
4. Uma diferença é que a Alemanha
nazista afetava estar de lado contrário ao dos controladores da City de
Londres. Isso não era verdade. Hitler adorava a oligarquia britânica, a qual,
de resto, patrocinou a ascensão dele ao poder. Banqueiros ligados à finança
mundial complotaram para derrubar o chefe do governo, de menos de dois meses, de
Kurt von Schleicher, ex-chefe do Estado-maior, apoiado por setores sociais com
excelente plano de recuperação econômica, muito superior às idéias de Keynes.
5. A oligarquia jogou a carta de
Hitler, que prometera, e cumpriu, atacar a União Soviética. Hoje, os
continuadores do nazismo estão todos do mesmo lado, reunidos na OTAN.
6. Estas são algumas das razões pelas
quais a Líbia foi covardemente violentada:
1) ter Gaddafi convertido em ouro
dólares das reservas líbias e posto esse ouro a salvo de banqueiros
estadunidenses; ademais, propôs que os países africanos passassem a realizar
transações internacionais através de moeda própria a ser criada regionalmente;
2) ter a Líbia sido considerada,
principalmente antes da agressão, presa fácil do ponto de vista militar. Ademais,
as divisões tribais deveriam facilitar o êxito da subversão financiada, superarmada
pelas potências hegemônicas e executada por tropas especiais da OTAN e do Catar.
Não contaram com a resistência popular, favorável ao regime de Gadafi, incomparavelmente
mais democrático que as “democracias” ocidentais. Nestas, o sistema
representativo não representa os eleitores, mas, sim, quem os controla. Eleições
e o pluripartidarismo não passam de engodos.
3) ter Gaddafi facilitado a tarefa
criminosa da OTAN, ao fazer, desde há alguns anos, concessões às potências
hegemônicas pensando em aliviar pressões. Isso acentuou a fraqueza da vítima,
como aconteceu também no caso do Iraque, país militarmente mais poderoso que a
Líbia (antes de ser massacrado). Ainda por cima, os sistemas anti-mísseis do
Iraque eram britânicos e foram desativados pelos detentores dos códigos dos
chips.
4) o objetivo de praticar o genocídio
contra a Líbia, como ponto de partida para guerra mais ampla, estendendo-a à Síria
e ao Irã. Setores da oligarquia anglo-americana influenciam o Pentágono no
sentido de desencadear guerra de maior porte, até como válvula de escape face a
movimentos de cidadãos norte-americanos e britânicos (entre outros) revoltados
por estar sendo sugados e enganados pela oligarquia.
5) em conexão com o projeto de guerra,
testar a China e a Rússia, passivas desde a capitulação de não ter vetado a
resolução do Conselho de Segurança da ONU. Se essas duas potências (?) não
assumirem posição mais firme, a escalada colonialista prosseguirá.
6) privilegiar as companhias do cartel
anglo-americano e afastar as chinesas, russas e indianas do petróleo líbio;
além disso, os predadores ocidentais querem saqueio livre e, não um governo,
como o de Gaddafi, que cobrava impostos para investir em seu país e menos
suaves que os dos protetorados tipo Arábia Saudita, Coveite, Catar, Emirados
etc.
7. Dir-se-á: “por que a França
participou tão ativamente, tendo suas FFAA, junto com as britânicas, feito a maior
parte do trabalho sujo?” Bem, desde Napoleão, à exceção da era De Gaulle, a
França sempre foi manipulada pela oligarquia britânica e depois anglo-americana.
Ademais, há as águas do Grande Rio, projeto vitorioso de Gaddafi, que as
companhas francesas Suez e outras querem fazer privatizar, como têm feito mundo
afora.
8. Sarkozy deve sua carreira política
à oligarquia anglo-americana. Esta o ajudou de novo, massacrando Dominique
Strauss-Kahn, que seria candidato à presidência da França, embora o objetivo
principal fosse forçá-lo a deixar a direção do FMI, pois DSK, entre outras
coisas, apontou que não existem as alegadas reservas de ouro dos EUA.
9. De fato, O Estado policial dos EUA e
serviços secretos foram acionados para prender DSK, em Nova Iorque, de forma
humilhante e injusta. Depois, ele ficou em prisão domiciliar, foi substituído
no FMI por uma apaniguada de Sarkozy e, só após mais de três meses, acaba de ser
liberado para retornar à França, por não haver provas das infames acusações que
determinaram sua prisão, efetuada com arbitrariedade nunca antes vista.
10. É sob o impacto de tantas e tão
contundentes demonstrações de indecência, que se aproxima o décimo aniversário,
em 11 de setembro, de outra conspiração criminosa: a implosão, planejada pelos oligarcas, das torres gêmeas de Nova Iorque, para, junto com outras mentiras,
aterrorizar as pessoas e condicioná-las a ver os “islâmicos” como inimigos e causadores
do terror.
Título e Texto: Adriano Benayon é
Doutor em Economia. Autor de “Globalização versus Desenvolvimento”, editora
Escrituras.
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