sábado, 10 de dezembro de 2011

Isolado, Reino Unido recebe onda de críticas após veto europeu

BBC Brasil
A decisão britânica de não se unir ao pacto para coordenação fiscal e disciplina orçamentária entre os países da União Europeia (UE) provocou fortes críticas por parte de comentaristas e políticos europeus.

O pacto, anunciado durante uma reunião de cúpula entre os líderes da UE terminada na sexta-feira, tem como objetivo acalmar os mercados financeiros sobre a crise das dívidas europeias. O tratado teve apoio de 26 dos 27 países do bloco - apenas o Reino Unido ficou de fora.

Para muitos analistas, a decisão britânica não chega a ser uma surpresa, já que o país, um dos dez do bloco que não adotaram o euro como moeda, vem se mantendo cada vez mais à margem do projeto europeu.

Na Alemanha, maior economia da UE e país que liderou o novo pacto ao lado da França, grande parte da fúria é dirigida ao primeiro-ministro britânico, David Cameron.

Alexander Graf Lambsdorff, líder do partido de centro-direita FDP, que faz parte da coalizão governista, chegou a afirmar que "foi um erro deixar que os britânicos entrassem na União Europeia".

Para ele, a Grã-Bretanha terá agora que renegociar sua relação com a UE. "Seja por vontade própria deles (dos britânicos) ou por uma recriação da UE sem o Reino Unido", afirmou. Segundo ele, o modelo da Suíça, que não faz parte da UE, mas tem vários tratados bilaterais com o bloco, poderia ser adotado pelo Reino Unido.

Outros veem o resultado da cúpula desta sexta-feira como um processo que simplesmente revela os pontos de rompimento e as profundas diferenças em atitudes sobre a Europa.

O comentarista italiano Alessio Sgherza afirmou no diário "La Repubblica" que a cúpula "afundou por causa da divisão ainda não resolvida entre os Estados pró-europeus e os euro-céticos".

O deputado europeu Daniel Cohn-Bendit, co-líder dos Verdes no Parlamento Europeu, classificou David Cameron de "covarde" por sua posição na cúpula.

Daniel Cohn-Bendit
O deputado democrata-cristão alemão Elmar Brok, porta-voz de política externa para os partidos de centro-esquerda no Parlamento europeu, foi claro sobre seus sentimentos: "Se ele não está preparado para jogar de acordo com as regras, então é melhor que cale a boca".


"BLEFE BRITÂNICO"
O principal diário financeiro italiano, "Il Sole 24 Ore", qualificou a posição de Cameron como "um blefe britânico", que deixa o país isolado.

"A manobra britânica significa que Londres agora está fora, nas margens da Europa. A primeira sessão do Conselho da União Europeia em Bruxelas, que deveria ter dado solidez à crise europeia e inclusive poderia tê-la solucionado, produziu em vez disso uma profunda divisão entre os membros depois de 11 horas de negociações tensas e às vezes dramáticas", diz o jornal.

A imprensa francesa também criticou a decisão de Cameron e se disse pouco surpresa com a posição britânica.

O diário Le Figaro classificou a posição como "um jogo perigoso" de Cameron e disse que a Grã-Bretanha honrou sua reputação de país dissidente, que nunca quer ir na direção da corrente.

"Mal David Cameron havia pisado na entrada do Conselho, para a cúpula de 8 de dezembro, e caiu uma nuvem negra sobre as negociações. Ele tinha um objetivo: cuidar dos interesses britânicos", disse o jornal.

Já o diário Le Monde, mais contemporizador, afirmou que "os britânicos não são parte desta crise do euro e não têm responsabilidade pelo fracasso de suas instituições para resolver a crise da dívida".

A ministra da Economia da Dinamarca, Margrethe Verstager, disse ao jornal "Jyllands-Posten" que o pacto da sexta-feira é um passo na direção correta, mas lamentou a divisão dentro da UE.

"É bom que se estabilize o euro e se aumente a responsabilidade econômica", disse. "Mas é preocupante que isso não ocorra por meio de uma mudança de tratado com todos os 27 países. É melhor que todos permaneçamos juntos do que cada um escolher seu próprio caminho em uma crise de dimensões tão enormes", disse.
BBC Brasil/Folha de S. Paulo, 10-12-2011

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