Este é o sétimo mês de saldo positivo nos último oito meses, diz BC
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil |
As contas externas registraram
saldo positivo de US$ 202 milhões em novembro. De acordo com o Banco Central
(BC), é o sétimo superávit nos últimos oito meses e o maior superávit para mês
de novembro desde 2006, quando chegou a US$ 1,3 bilhão. Em novembro do ano
passado, houve déficit de US$ 3,106 bilhões nas transações correntes, que são
as compras e vendas de mercadorias e serviços e transferências de renda do
Brasil com outros países.
“Essa reversão seguiu a
tendência observada nos últimos meses e decorreu das reduções de US$ 2,8
bilhões e de US$ 507 milhões nos déficits em renda primária e serviços. O
superávit da balança comercial de bens manteve o nível do ocorrido em novembro
de 2019”, diz o BC, em relatório.
De janeiro a novembro, foi
registrado déficit em transações correntes de US$ 7,502 bilhões, contra US$
46,045 bilhões em igual período de 2019. Em 12 meses encerrados em novembro,
houve déficit em transações correntes de US$ 12,154 bilhões (0,82% do Produto
Interno Bruto - PIB), ante saldo negativo de US$ 15,463 bilhões (1,02% do PIB)
no período equivalente terminado em outubro.
Balança comercial
As exportações de bens
totalizaram US$ 17,622 bilhões em novembro, com recuo de 0,9% em relação a
igual mês de 2019. As importações somaram US$ 14,731 bilhões, queda de 1,1% na
comparação com novembro do ano passado. Com esses resultados, a balança
comercial registrou superávit de US$ 2,891 bilhões no mês passado e de US$
44,320 bilhões, no acumulado de 11 meses.
O déficit na conta de serviços (viagens internacionais, transporte, aluguel de investimentos, entre outros) atingiu US$ 1,772 bilhão em novembro, ante US$ 2,279 bilhões em igual mês de 2019. Nos 11 meses do ano, o saldo negativo chegou a US$ 18,818 bilhões, ante US$ 31,525 bilhões de janeiro a novembro de 2019.
No caso das viagens
internacionais, as receitas de estrangeiros em viagem ao Brasil chegaram a US$
185 milhões, enquanto as despesas de brasileiros no exterior ficaram em US$ 329
milhões. Com isso, a conta de viagens fechou o mês com déficit de US$ 144
milhões. No acumulado do ano até novembro, o saldo negativo é de US$ 2,275
bilhões.
O chefe do Departamento de
Estatísticas do BC, Fernando Rocha, explicou que a manutenção do baixo déficit
em viagens internacionais acontece devido às restrições de deslocamento em
razão da pandemia de covid-19. Segundo ele, o déficit médio é por volta de R$ 1
bilhão e no ano de 2019 alcançou quase R$ 12 bilhões. Na comparação entre
novembro de 2019 e 2020, a redução é de 82% no déficit e ficou em torno de 90%
nos meses anteriores.
“Os dados ainda não permitem
verificar nenhuma trajetória de melhora nas viagens internacionais, elas
permanecem com níveis baixos, estáveis e vem se mantendo assim nos últimos
meses”, disse.
Rendas
Em novembro de 2020, o déficit
em renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e salários) chegou
a US$ 1,032 bilhão, contra US$ 3,879 bilhões no mesmo mês de 2019. De janeiro a
novembro, o saldo negativo ficou em US$ 35,132 bilhões, ante US$ 51,174 bilhões
em igual período do ano passado.
A conta de renda secundária
(gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações e remessas de
dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) teve resultado positivo de US$
115 milhões, contra US$ 161 milhões em novembro de 2019. Nos 11 meses do ano, o
resultado positivo chegou a US$ 2,128 bilhão, contra US$ 1,267 bilhão em igual
período de 2019.
Investimentos
Os ingressos líquidos em
investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 1,514 bilhão no mês, ante US$
8,735 bilhões em novembro de 2019. De janeiro a novembro, o IDP chegou a US$
33,428 bilhões, contra US$ 66,350 bilhões nos 11 meses de 2019.
Nos 12 meses encerrados em
setembro de 2020, o IDP totalizou US$ 36,253 bilhões, correspondendo a 2,44% do
PIB, em comparação a US$ 43,474 bilhões (2,86% do PIB) no mês anterior.
“Os efeitos da crise detonada
pela pandemia impactaram as transações correntes, com a melhora na balança
comercial e redução do déficit de serviços, e também, a mesma causa reduziu os
investimentos diretos não só no Brasil com no mundo inteiro. O resultado de
novembro está mais ou menos na média dos último quatro meses, por volta de R$
1,7 bilhão. Estamos apresentando fluxos estáveis de IDP em níveis baixos”,
destacou Rocha.
Quando o país registra saldo
negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit com investimentos ou
empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento do saldo negativo é o
IDP, porque os recursos são aplicados no setor produtivo e costumam ser investimentos
de longo prazo. Apesar de os investimentos estarem menores neste ano, no
acumulado de 12 meses o IDP supera o déficit nas contas externas, que também se
reduziu por conta da crise gerada pela pandemia.
Em novembro, houve entrada
líquida de investimento em carteira no mercado doméstico no total de US$ 6,789
bilhão, contra US$ 1,525 bilhões de saída líquida em igual período de 2019. No
caso das ações e fundos de investimento, houve entrada de US$ 5,431 bilhões. Já
os investimentos em títulos de dívida tiveram entrada líquida de US$ 1,357
bilhões.
De janeiro a novembro, houve
saídas líquidas de US$ 14,875 bilhões nesses tipos de investimento, contra a
saída líquida de US$ 2,398 bilhões observados em igual período de 2019.
Título e Texto: Andreia
Verdélio; Edição: Valéria Aguiar – Agência Brasil, 18-12-2020, 12h35
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