Fica cada dia mais óbvio que o atual feminismo e os engajados pagadores de pedágio ideológico têm muito mais raiva dos homens do que amor pelas mulheres
Ana Paula Henkel
Há quase três anos venho tentando trazer um pouco de racionalidade para o debate público sobre transexuais no esporte. Em meu último artigo para a Revista Oeste, escrevi sobre minha indignação e de tantas outras atletas olímpicas depois da ordem executiva que autoriza homens biológicos a competir com mulheres — bastando, para tal, apenas “identificar-se como mulheres”. Essa falsa inclusão significa a exclusão de meninas e atletas femininas de seus espaços no esporte, além de óbvia judicialização. A invasão de homens biológicos nos esportes femininos não é apenas errado, é um ataque frontal e um desrespeito inaceitável às mulheres — a própria discussão é, em si, ultrajante e humilhante. Mas hoje é a vez de sair em defesa dos homens.
Com novo inquilino na Casa
Branca, morador que abriu as portas para as pautas da extrema esquerda e presta
reverências ao politicamente correto, nesta semana voltou a circular nas redes
sociais um comercial de TV de 2019 da Gillette, a famosa fabricante de lâminas
e cosméticos do gigante Procter & Gamble. A peça ataca o que os produtores
imaginam ser a atitude-padrão dos homens: estuprar, assediar, agredir e
oprimir. Entre outras narrativas absurdas apresentadas no comercial, e
propagadas pelos desmiolados da nova geração que idolatra programas de TV em
que subcelebridades ficam trancadas em uma casa, a Gillette propõe a todos os
homens “barbear sua masculinidade tóxica”. Segundo alguns “especialistas” em
comportamento humano, a mudança teria começado com os movimentos feministas
radicais, como o Me Too, o mesmo que demorou vinte anos para se levantar dos
sofás das produtoras de Hollywood, já que nunca teria ocorrido a ninguém na
história que estuprar, assediar ou agredir era errado na época em que algumas
das mesmas atrizes do movimento se empanturravam de dinheiro dos produtores
predadores.
Meninos e meninas, evidentemente, têm qualidades e defeitos e cabe a todos nós, como sempre coube, mostrar os melhores exemplos, educar, disciplinar, impor limites e orientar. Quando uma corporação cria uma campanha milionária com foco em um estereótipo extremo, evidentemente não representativo da grande maioria dos homens que adquirem seus produtos, ela está sendo, e não há outra palavra para usar, preconceituosa. Um comercial com a mesma ideia sobre mulheres ou qualquer minoria é possível? Você sabe a resposta.
Vou sempre sair em defesa de
homens maravilhosos e honrados como meu pai, meu marido, meu filho e grandes
amigos. Sei que são educados demais e ocupados o suficiente para não responder
a ofensas de certas elites completamente desconectadas da realidade,
encapsuladas em seu mundinho de autorreferências e que necessitam sinalizar
virtude demonizando todos os homens. O que essa gente não percebe é que a
atitude — na verdade, narcisista e autoindulgente — acaba exatamente por
facilitar a vida de estupradores, assediadores e agressores. Estes, de sua
parte, podem alegar que são apenas “homens como todos os outros” e assim desaparecer
na multidão. Se o comportamento abusivo é padrão e natural, como condenar os
criminosos por seus crimes? Eles estariam só “sendo homens” na lógica perversa
e pervertida do extremo feminismo e dos homens-geleia que precisam do aplauso
fácil da turba de cabelo azul.
Esse comportamento empurrou a
sociedade para um transe coletivista em que muitos homens acreditam que é
preciso pedir desculpas pelo pecado de outros, pelos pecados históricos, sejam
lá quais tenham sido, e, inclusive, pedir perdão pelo futuro. Na atual e
absurda relação de dívidas históricas, os homens estão lá, os primeiros da
lista com a letra escarlate no peito por todo mal que há no mundo, no passado e
agora, prontos para a guilhotina. E ai ai ai deles se não se desculparem — os
novos jacobinos virtuais cancelam tudo a seu redor. Numa sociedade na qual o
indivíduo e suas responsabilidades viraram coadjuvantes, onde o que vale é o
coletivo, machismo e masculinidade foram parar no mesmo balaio. E, em vez de
vilipendiar a masculinidade, é preciso reforçar o papel histórico dos homens na
proteção das mulheres e do lar, na parceria na criação e no cuidado com os
filhos, e não o uso de espantalhos ideológicos preconceituosos para agradar à
sanha de meia dúzia de ativistas enlouquecidas e mal resolvidas e da turba
sedenta de poder e submissão.
Não se esconder. Jamais. Isso é
masculinidade
Desde que o mundo é mundo, há
estupradores, assediadores e agressores, e a maneira de combater esses crimes
passa necessariamente pelo trabalho heroico de homens de bem. Um breve estudo
comparado das diversas sociedades ao longo da história bastaria para qualquer
um concluir que a América contemporânea é, sem nenhuma dúvida, o melhor lugar
para que mulheres possam viver, trabalhar, estudar, criar os filhos e realizar-se
plenamente em todos os papéis que sonharem.
Em 1984, na celebração de 40
anos do desembarque das tropas norte-americanas nas praias da Normandia na 2ª
Guerra Mundial, o presidente Ronald Reagan fez um discurso histórico, com a
presença de alguns dos rangers que sobreviveram àqueles dias:
“Vocês eram jovens quando tomaram esses penhascos. Alguns de vocês eram apenas
garotos com os maiores prazeres da vida diante de vocês e mesmo assim
arriscaram tudo aqui. Por quê? Por que fizeram isso? […] Nós olhamos para vocês
e de algum jeito sabemos a resposta. Fé e crença. Lealdade e amor”. Isso é
força. Isso é caráter.
A histórica evacuação maciça
das tropas aliadas das praias e do porto de Dunquerque, também na 2ª Guerra,
que envolveu centenas de embarcações da Marinha e civis e serviu como um ponto
de virada para o esforço de guerra dos Aliados, é maravilhosamente retratada no
excelente filme Dunkirk, de 2017, dirigido e produzido pelo
britânico Christopher Nolan. O trecho que resume a ideia central do filme é
aquele no qual um piloto de avião abatido, resgatado boiando no mar e
traumatizado, grita com o homem comum que segue com seu pequeno barco para
tentar resgatar soldados a pedido de Winston Churchill na França ocupada. “Você
tem de voltar! Seu lugar é em casa!”, grita o piloto abatido.
Para o piloto, vivido pelo
brilhante ator irlandês Cillian Murphy, o cidadão comum deve deixar a guerra
para os profissionais, mostrando que o mais prudente é ausentar-se, omitir-se,
proteger-se na própria casa, enquanto o destino da nação está sendo decidido
por outras mãos. A resposta de Mr. Dawson, interpretado espetacularmente por
Mark Rylance, não poderia ser mais definitiva e atual: “Se não ajudarmos, não
haverá mais casa, filho”.
Não se esconder. Jamais. Isso
é masculinidade, força e proteção. Homens reais são pessoas com quem os outros
podem contar. Seja simplesmente para fazer o que disseram que fariam, ou para
estar no lugar certo na hora certa. Tornar-se um homem significa ser
consistente. Qualquer um pode fazer as coisas certas de vez em quando, mas as
chances são de que, se você olhar para os homens que mais admira, todos eles
ganharam seu respeito e confiança por meio da consistência.
A humildade é muitas vezes
considerada um traço “suave” — dificilmente é a primeira coisa que vem à mente
quando pensamos em “homem”. Mas a verdade é que a arrogância é mais
frequentemente exibida por aqueles que, em sua falsa humildade, precisam ser o
centro das atenções. Suas inseguranças aparecem à medida que buscam os elogios que
precisam desesperadamente por meio da sinalização de virtude e falsa empatia.
Os homens reais estão seguros de suas habilidades e não acham necessário
colocar-se em mais alta estima do que aqueles a seu redor.
A grande geração que salvou o
mundo do eixo nazifascista há mais de sete décadas era composta de heróis na
essência do termo, em pensamento e ação, em força e capacidade de sacrificar
tudo por todos. Lembrando G. K. Chesterton, eram jovens que não foram movidos
pelo ódio do que estava na frente, mas por amor ao que deixavam para trás.
Tenho vergonha, como mulher,
por todas as ingratas que costumam relativizar crimes em outras culturas em que
mulheres não têm nenhuma voz na sociedade e que, ao mesmo tempo, não reconhecem
a força de homens bons, que nutrem o companheirismo, a proteção, a consistência
e a humildade que compõem a masculinidade, essencial para uma sociedade
integrada e bem estruturada. Fica cada dia mais óbvio que o atual feminismo e
os engajados pagadores de pedágio ideológico têm muito mais raiva dos homens do
que amor pelas mulheres.
Há ainda os néscios que querem
pregar a ideia bizarra de que homens são “mulheres com defeito”, e que basta
“castrá-los”, fazê-los pedir desculpas pelos pecados de todos os homens para
que sejam dóceis, obedientes e respeitadores. Aqui deixo meu apreço e carinho a
todos os homens que são injustamente enquadrados em peças publicitárias vazias
ou discursos hipócritas, feitos apenas para envernizar a narrativa idiota e
inútil do “Mulheres X Homens”. Sinto também pelos homens que, na falta de
consistência, hombridade, humildade e parceria, precisam fingir um
arrependimento histórico que, na verdade, não passa de uma olhada no espelho
para alimentar o próprio ego.
Tenho poucas certezas na vida,
mas aqui apresento uma: a certeza de que falo em nome de muitas mulheres gratas
aos bons homens que lutam há séculos por um mundo livre e seguro para todas
nós. Foram bons homens que lutaram pela liberdade e criaram as leis que proíbem
os crimes que supostamente incomodam as feministas mais radicais. E esses
homens são a regra, não a exceção.
Título e Texto: Ana Paula
Henkel, revista Oeste, 5-2-2021
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Homens em esportes femininos?
Pelo andar da carruagem, querem transformar os humanos em híbridos.
ResponderExcluirSeria o supra sumo do controle da natalidade, e a decadência sexual onde qualquer buraco é digno de sexo.
Seria a batalha do orgasmo, onde usariam apenas pênis, mãos e língua, vagina seria apenas complemento.
O lado hilário é que os homens híbridos só querem competir com mulheres e o inverso não é verdadeiro.
O pior é que as ditas feminazes não reclamam.
As olimpíadas, ao meu ver tornariam-se apenas um complexo híbrido.
Qualquer deles disputariam torneios de duplas.
Caminhamos a passos céleres para a involução humana.
A misandroginia atinge os homens.
A misoginia atinge também as mulheres.
Eu aprendi desde cedo que ânus só serve de saída de restos poluentes de nosso corpo.
Entre ser e não ser prefiro a masturbação.
Essa é a verdadeira pandemia mundial que não existirá vacina.
O COVID APENAS UMA SINDEMIA.