Luís Ernesto Lacombe
Os fatos, a verdade. Serei
óbvio: esta é a matéria-prima dos jornalistas. Ela raramente está por aí,
visível, acessível, depurada, oferecendo-se na internet. Pode escapar por conta
da preguiça ou da pressa. Querer ser o primeiro a chegar com as últimas é
legítimo, mas isso não pode levar ninguém a resumir a apuração. É preciso
procurar fontes primárias, fazer todas as perguntas, esgotar todas as dúvidas.
Jornalista tem de ser curioso, desconfiado, entender o tamanho da sua responsabilidade,
mesmo que, no começo da carreira, a falta de experiência e a ansiedade possam
atrapalhar. Então, vencemos a imaturidade, a pressa enlouquecida. Buscamos
todos os lados de uma história, buscamos respostas... Quem? O quê? Onde?
Quando? Como? Por quê?
Revistas e jornais que já foram grandes, que já foram meios de comunicação, foram transformados em veículos de militância
Antes da reportagem, a pauta. Antes da pauta, a pré-pauta, uma sugestão ou uma ideia de matéria. Cumpram-se todos os passos, desde o início, para que a história se confirme e possa, então, ser profundamente apurada e contada. É o básico, mas muita gente tem ignorado isso. Não por inexperiência ou pressão do tempo, mas por militância, porque abandona a realidade e se entrega a crenças, a um mundo irreal, ao combate contra um fascismo imaginário. Quantas vezes vimos, recentemente, pré-pautas que não se confirmaram virarem reportagem? Primeira página, no caso dos “disparos” de WhatsApp na campanha do Bolsonaro... O porteiro do condomínio do presidente, o leite condensado... Tudo por uma narrativa. O governo não presta e deve ser defenestrado.
Não são profissionais do
jornalismo que transformam em democratas os fascistas que se dizem
antifascistas, vândalos que agridem policiais e depredam patrimônio público e
privado, que carregam faixas em defesa da ditadura do proletariado. Não é
jornalista quem escreve manchetes como “O presidente Bolsonaro pretende
amedrontar a população, tumultuar a mente das pessoas e promover o caos na sociedade”
e “A Covid está ligada ao avanço do fascismo no Brasil”. Triste. Uma revista e
um jornal que já foram grandes, que já foram meios de comunicação,
transformados em veículos de militância. Abandonam a honestidade, o caráter, a
sensibilidade jornalística, na seleção das histórias que contam e na escolha de
como elas são contadas. Às favas com os fatos, vamos à dissimulação.
Título e Texto: Luís
Ernesto Lacombe, Gazetado Povo, 11-2-2021, 17h18
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