Três jornalistas da mesma emissora
noticiaram o impeachment de Pedro Castillo, ex-presidente
socialista do Peru que tentou dar um golpe, de “conservador e um político
alinhado com a direita”
Ana Paula Henkel
Depois do “Fique em casa, SE
PUDER” e “O senhor não deve nada à Justiça”, vexames protagonizados por dois
jornalistas na sequência da operação lava-Lula, nesta semana tivemos outro
vexame nas páginas da carcomida imprensa para tentar salvar a reputação de um
companheiro do ex-presidiário favorito do TSE/STF. Três colegas da mesma
emissora de Renata Vasconcellos e William Bonner noticiaram o impeachment de
Pedro Castillo, ex-presidente socialista do Peru que tentou dar um golpe de
Estado no país, de “conservador e um político alinhado com a direita”.
Sim, eu sei. Pode rir! Foi
difícil para mim também conter a gargalhada.
Na transmissão da GloboNews
com a “análise” dos comentaristas, o jornalistas Marcelo Lins — talvez um dos
maiores ativistas da extrema esquerda na imprensa — descreve o ex-presidente
peruano como um “conservador que se alinha à direita”. Julia Duailibi,
apresentadora do painel, ao passar a bola para o correspondente do canal em
Buenos Aires, Ariel Palacios, acrescenta que Castillo é parecido “com a direita
brasileira”. Palacios concorda com a descrição e colabora com a operação
lava-Castillo dizendo que o peruano é conhecido por ser “altamente reacionário”
e “uma fotocópia do presidente Jair Bolsonaro”.
Não se contenha! Eu disse que é difícil não rir!
Pedro Castillo é marxista
ferrenho e sindicalista de extrema esquerda. Durante sua campanha presidencial
em 2021, ele propôs estatizações, uma nova Constituição, a regulação da
imprensa e até a dissolução do Tribunal Constitucional do país. Desde que
assumiu como presidente, em julho do ano passado, ele estabeleceu toque de
recolher, determinou a entrega de armas pela população e tentou decretar que a
Justiça, o Judiciário, o Ministério Público, o Conselho Nacional de Justiça e o
Tribunal Constitucional fossem declarados em recuperação judicial — tudo isso
com a tentativa da dissolução do Congresso.
Em novembro, após as eleições
presidenciais no Brasil, Castillo disse que foi convidado diretamente pelo
ex-presidiário Luiz Inácio Lula da Silva para comparecer à posse do petista.
Segundo os companheiros, há um mês, os dois membros do Foro de São Paulo
conversaram pelo telefone, e, na ocasião, Castillo parabenizou o petista pela
vitória e pelo “propósito de fortalecer a democracia”. No Twitter, Castillo
escreveu: “Como parte desta conversa, agradeço seu convite pessoal para
participar de sua cerimônia de posse”.
El Perú felicita al presidente electo de Brasil, al compañero @LulaOficial, obrero, sindicalista, luchador. Su triunfo es fundamental para fortalecer la unidad de Latinoamérica y la justicia social de la Patria Grande. https://t.co/hN8Ge3yEnW
— Pedro Castillo Terrones (@PedroCastilloTe) October 30, 2022
Mas para Julia, Marcelo e
Ariel, o membro e fiel escudeiro do marxista Foro de São Paulo ao lado de Lula
é “conservador alinhado à direita”, “altamente reacionário” e “uma fotocópia do
presidente Jair Bolsonaro”.
Não é só Barroso que pensa que
somos manés. Eu tenho certeza absoluta que essa gente mentirosa da imprensa
carcomida pensa a mesma coisa. “Eles são burrinhos, tadinhos… uns manés. O que
a gente empurrar eles vão engolir”, eles devem comentar rindo de milhões de
brasileiros. Ou é isso, ou essa gente simplesmente mente que nem sente. E eles
sabem que nós sabemos que o vexame diário é hoje uma realidade inevitável.
Assim como Alexandre de Moraes, eles atingiram um ponto de não retorno. Resta,
então, dobrar a aposta nas distorções, nas mentiras e na enganação com ares de
intelectualidade barata.
Quem não se lembra de outra
colega de Renata, Bonner, Julia, Marcelo e Ariel, a apresentadora Maju
Coutinho, que, depois de dizer uma das maiores mentiras da pandemia, a de que
os especialistas eram unânimes em forçar o lockdown, proferiu com a
maior naturalidade, mostrando uma insensibilidade inacreditável diante de tanto
sofrimento da população, o famoso “O choro é livre”. Talvez hoje ela até
acrescentaria “manés” — O choro é livre, manés! Enquanto os mais necessitados,
os mais pobres e vulneráveis iam sendo afetados de maneira cruel a cada dia de
trancamento forçado, com direito à truculência policial encampada por
governadores tiranos, Dona Maju, Dona Renata, Seu William a turba da GloboNews
continuavam trabalhando de estúdios com ar refrigerado ou em home
offices enquanto postavam em suas redes sociais “Fique em casa”, hoje
“Fique em casa, SE PUDER”. Fique em casa, se puder, mané.
A hipocrisia dessa gente beira
algum distúrbio psicológico. Há páginas e mais páginas documentadas do que, de
fato, aconteceu durante a pandemia e o que foi dito. Assim como há todas as
exposições — de tuítes, acordos e afagos a documentos do próprio Foro de São
Paulo — ligando Pedro Castillo a Lula, à extrema esquerda e ao projeto de poder
lulocomunista para a América Latina.
Depois
de lavarem o Lula e tentarem lavar Castillo, não esperem outra coisa por parte
dessa gente malandra da imprensa a não ser a limpeza do caminho imundo que
Alexandre de Moraes pavimentou para o Brasil
Existe um mito piedoso,
consagrado pela Primeira Emenda nos EUA e protegido pela Constituição
Brasileira, solenemente transmitido de geração em geração de jornalistas, de
que a imprensa livre, como “quarto Poder”, situado fora dos corredores do poder
oficial, é um baluarte contra o absolutismo, a tirania e a mentira e, portanto,
o guardião indispensável de uma sociedade livre. Até um certo ponto, isso pode
ser considerado verdade. O poder do Estado é limitado (deveria ser, pelo menos)
em princípio pelo fato de que ele só pode coagir externamente por meio do poder
policial e da força da lei. No entanto, hoje é claro que o que Estado não pode
fazer, a mídia pode coagir mais sutilmente de dentro, determinando o que e como
vemos e definimos o mundo no qual vivemos e agimos. Uma imprensa absoluta, que
jamais pode ser questionada, ou sua turba de jacobinos logo aparece, preenche
mais perfeitamente o totalitarismo do que um Estado absoluto, pois em um
sistema perfeitamente totalitário — cujo domínio é de fato total — ninguém
jamais reconheceria que está sendo coagido.
Talvez o problema não seja apenas o mau jornalismo, mas o bom jornalismo. Nossa noção de imprensa livre é moldada, claro, por nossa noção moderna de liberdade de que podemos resumir, mais ou menos de forma adequada, com a capacidade de agir sem restrições externas. Embora seja verdade que o Estado não deva restringir a imprensa em nenhum sentido óbvio, ele dificilmente precisa fazê-lo: a boa imprensa contemporânea não é livre para seguir o mesmo padrão de independência e liberdade que a má imprensa tem, como defendemos. Cabe a nós, animais racionais pensantes, decidir o que comer e o que consumir.
Ordem de prisão a Pedro Castillo |
Essa ausência de restrição é,
na visão tradicional, uma compreensão bastante insignificante da liberdade. Um
animal irracional age instintivamente em resposta a estímulos imediatos, não
porque se possa dizer que ele entende por que deveria iniciar certa ação, como
caçar, por exemplo. Os seres humanos, ao contrário, são livres não apenas
porque podem responder a estímulos, mas porque podem compreender, agir e
ordenar suas vidas de acordo com o que consideram verdadeiro e bom. E, como na
maioria das vezes não queremos ser enganados, viver esse desejo requer a
capacidade de distinguir o que é verdadeiramente bom do que apenas parece. A
liberdade humana, em outras palavras, é mais uma questão de razão do que de pura
vontade, o que significa que a liberdade humana finalmente depende da verdade.
Os atuais projetos tirânicos pelo Brasil e pelo mundo que querem e cerceiam a
liberdade de expressão e de imprensa não estão embasados no estímulo de
estancar a mentira, mas de esconder a verdade. Sem verdade, sem liberdade.
Esse caminho, hoje firmado até
por ministros da suprema corte no Brasil, o de assegurar a quebra da
constitucionalidade sem corar, “mesmo que só até segunda-feira”, parece ser uma
grande reação ao terror atual dos encastelados da política, do judiciário e da
carcomida imprensa: quanto maior o alcance da razão de uma pessoa, quanto maior
sua independência intelectual, mais ela compreende o verdadeiro significado de
suas ações e, consequentemente, mais livre ela pode ser considerada, mesmo que
a compreensão dessa verdade limite seu leque de possibilidades de ação naquele
momento. Se é verdade que a inteligência é parte integrante da liberdade,
segue-se também que uma imprensa cega, estúpida ou incompreensiva não pode ser
realmente uma imprensa livre, e que uma sociedade cujos horizontes são
determinados por tal imprensa — uma sociedade que não pode realmente pensar,
apenas regurgitar o que lhe foi colocado na boca — não pode realmente ser uma
sociedade livre.
Os problemas do atual
jornalismo não são apenas as ações como mais um membro do famigerado
“Ministério da Verdade”, hoje comandado por Alexandre de Moraes e seus asseclas
na imprensa com suas distorções e manipulações. A supressão de fatos e notícias
relevantes — que podem afetar os peões políticos do sistema — é um ato grave
contra o Estado de Direito e as próprias instituições de um país.
Frédéric Bastiat, economista
francês e escritor, que desenvolveu o conceito econômico de custo de
oportunidade e introduziu a parábola da janela quebrada, certa vez escreveu:
“Nenhuma sociedade pode existir a menos que as leis sejam respeitadas até certo
ponto”. Direitos que vêm da natureza — o que os norte-americanos chamam de “God
given rights” — e são aclamados pelo povo antes mesmo de serem codificados
em lei possuem poder de permanência inerente. O respeito à prática da liberdade
de expressão e às leis que a aplicam se reforçam mutuamente e fazem o certo,
além de evitar que o governo as atropele. Na teoria…
Em seu livro de 1995, A
Visão dos Ungidos, Thomas Sowell observou que um grupo de elite, sem ter
sido nomeado por ninguém, declarou sua moralidade superior e seu papel crítico
na correção dos erros da sociedade. Os ungidos de hoje continuam a ter a
arrogância de acreditar que é seu papel, com sua visão e ideias superiores,
resgatar as vítimas da “opressão” da sociedade, denunciar os “abusadores” (hoje
antidemocráticos) impondo sua vontade coletiva sobre os outros. Como explica
Sowell, os ungidos — uma classe livre composta de membros da mídia, acadêmicos
e políticos progressistas — acreditam que é seu papel resgatar classes
vitimizadas e desprivilegiadas, corrigir injustiças percebidas através do
monopólio da moralidade e, hoje, reescrever a história para que nós, manés, não
perturbemos no futuro com esse troço chato chamado verdade.
É preciso dar um BASTA em toda
essa parafernália vergonhosa que compõe grande parte do Estado no Brasil hoje:
partidos políticos que só pensam em sugar o dinheiro do pagador de impostos alinhados
a uma corte aparelhada por nada mais do que peões políticos que, alimentada por
outros peões políticos na imprensa, nutrem corruptos em todas essas esferas.
Depois de lavarem o Lula e tentarem lavar Castillo, não esperem outra coisa por
parte dessa gente malandra da imprensa a não ser a limpeza do caminho imundo
que Alexandre de Moraes pavimentou para o Brasil. Diante de tanto descalabro,
veremos também banho de loja em figuras como Renan Calheiros, que, com seu
superpacote da democracia que não permite questionar políticos, colocará o país
em um lamaçal de (mais) impunidade e censura.
“Força, Renan!”
Título e Texto: Ana Paula
Henkel, Revista Oeste, nº 142, 9-12-2022
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