João Bosco Leal
Recebi um texto bastante
interessante sobre uma pessoa que havia morrido intempestivamente e iniciou um
bate papo com aquele ser diferente, a morte, que havia vindo buscá-la. A pessoa
perguntava então sobre o que poderia levar, desde bens materiais, amigos, até o
próprio corpo.
As respostas, sempre
negativas, mas explicadas com delicadeza, davam conta que os bens materiais não
lhe pertenciam, só haviam sido emprestados, os amigos eram peças do caminho, os
filhos, do mundo, o corpo, da terra e, finalmente, concluindo que literalmente
nada levaria, perguntou então o que na vida que acabara fora realmente dele. A
resposta foi que dele sempre foi cada segundo de existência, o tempo.
Refletindo sobre o texto,
percebi sobre como nunca me preocupei com a única coisa que realmente me
pertence, o tempo, que pode ser utilizado como e quando eu quiser.
Sobre o tempo passado, penso
que poderia ter brincado, estudado, lido, trabalhado, ou qualquer outra
atividade em maior ou menor quantidade do que fiz, mas isso agora já não
interessa, pois não há como mudar.
Cuidar mais ou menos da saúde,
beber, fumar ou praticar esportes, em qualquer quantidade, também é uma opção
de cada um e o que fiz com essas alternativas também não poderá ser alterado.
Desenvolvendo raciocínios como
esses, acabo percebendo coisas que poderia ter feito de outra maneira e quantas
repetiria, mas que minha única alternativa atual é, analisando esse passado,
tentar corrigir as escolhas erradas e fazer muito mais das que acertei.
Seria insensatez repetir erros
que já me convenci realmente terem sido erros, como voltar a fumar quando já
havia parado. Mas vejo pessoas conscientes, maduras, repetirem erros como esse,
com as mesmas desculpas sempre utilizadas por todos, que estavam em uma fase
difícil, ansiosos, etc… sem pensar no bem mais precioso que possui: a vida, ou
na daqueles que os cercam, como seus filhos.
Depois de determinada idade,
nossa vida passa a incluir outras pessoas, como esposa, filhos e até netos, que
não podem nos impedir de realizar nada, mas sofrerão as consequências de nossos
erros, como uma doença provocada por bebidas ou cigarros, o que imagino ser
motivo suficiente para que todos tenhamos mais responsabilidades com as
decisões que tomaremos, em qualquer área, de relacionamento, comercial ou de
lazer.
Os prazeres terrenos como os
da leitura, esportes, aventuras ou mesmo os físicos, são incontáveis e cada um
de nós possui o dom de poder escolher o que mais lhe agrada, mas quando isso
envolve outras pessoas é necessário também levarmos em consideração os riscos
de nossas opções, para que suas consequências não afetem exatamente aqueles a
quem mais queremos bem.
Já errei bastante em muitas
áreas e não me arrependo de praticamente nenhum deles, à exceção daqueles que
hoje percebo, provocaram dor em meus filhos, como meu recente acidente e suas
consequências. Entendo agora que um dos prazeres por mim escolhido, as viagens
de moto, foram fantásticas, me deram muito prazer, mas também provocaram sérias
consequências, em mim e nos meus.
Como desde nosso nascimento
estamos cada vez mais estamos próximos da conversa com aquela que virá nos
acompanhar na última viagem, precisamos estar sempre atentos para a única coisa
que realmente nos pertence: nosso tempo e como o utilizamos.
Vivendo sem muito querer, mas nunca deixando de tentar tudo o que se
quer, ser ou ter, seremos e teremos tudo o que pudermos ser, ou ter, sem
provocar dor em nossos próximos.
Título, Imagem e Texto: João Bosco Leal
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