sexta-feira, 3 de setembro de 2021

[Aparecido rasga o verbo] Lâmina de corte profundo

Aparecido Raimundo de Souza 

AS SENHORAS E OS SENHORES saberiam precisar onde fica situado o país que abrange todas as Crises existentes na face da Terra? Seria nos Estados Unidos, na França, na Alemanha, em Cuba, ou no Sudão? Talvez em Angola, Nova Zelândia, na Guiné Equatorial, no Vaticano, na Palestina, nos Emirados Árabes, na Australia ou no Congo? Quem sabe na Grã-Bretanha, em Portugal, no Quenia, na Suiça, no Zimbabue, em San Marino, ou no Butão? Difícil, a resposta, não é mesmo? Nem tanto! 

Os amados, todavia, não carecem quebrar a cabeça. Nem meter as caras em aprofundadas pesquisas na Internet ou nos milhares e milhões de livros existentes nas bibliotecas públicas, para atinarem com a resposta. A contradita, assim de bate-pronto, está diante de nossa santa ignorância gritante. Chega a ferir a nossa tremenda falta de fé e de vergonha e manchar, de um negror denso e impenetrável, o que restou da nossa velha e surrada reputação. 

Caríssimos, percebam e entendam de uma vez por todas: as Crises existentes na face da Terra, ficam no Brasil. No Brasil dos Lulas e Dilmas, dos Temer e Dórias, dos Renans e dos Omar, dos Pazuellos e dos Mustafás e, como não poderia deixar de ser, dos coitadinhos, dos robotizados, dos sem noção, dos sem eira nem beira. Nós! Todas as Crises vivem comodamente comandadas pelos vermes peçonhentos que abundam a bela (hoje cagada de bosta) cidade projetada por Oscar Niemeyer. 

Não outra, esta cidade, senão aquele paraíso conhecido como o Grande Avião Pousado, ou o Berço das Grandes Decisões Nacionais. Dito de forma mais vasta e dilatada, para não deixar margens às dúvidas. BRASÍLIA. O Édem tropical, o jardim aprazível  dos ratos de esgoto, dos parasitas, dos vagabundos, dos malandros, dos trapaceiros e desonestos. Com ênfase solene e empolada, para realçar, evidentemente os pulhas, os bilontras, os caloteiros, os ludibriadores da arraia-miúda. Apontamos, numa só cacetada, os DESONESTOS. 

Estes, a cada dia que passa, em números cada vez mais gritantes e expressivos, se tornam coesos, a ponto de sobrepujarem os vitimados pela fatídica Pandemia da Covid-19. Aliás, esta desgraça, vinda dos quintos do inferno, não passa de fichinha diante das putrefações, das imoralidades e das libertinagens que tomaram conta da Capital Federal. Aliás, em vista disto, batizamos a jovem donzela (donzela??!!) de Capital Fedemal. E como fede! Cheira à merda. Por lá, temos, como dissemos acima, todas as Crises existentes. 

As mais conhecidas: a Crise dos hospitais a Crise das faltas de UTI’s e leitos, de respiradores, de cilindros de oxigênio, a ausência de vacinas suficientes em benefício da população, ou a Crise das doses de reforços por não dispormos dos insumos suficientes. Que insumos seriam estes? Aqueles indispensáveis para a fabricação, em grande escala, dos imunizantes, para deterem a Covid-19 e as suas variantes, como a Delta, que acabou de chegar. Por falar nela, parece que veio para ficar. Percebam, senhoras e senhores, que a maldita está dando trabalho. Dentro em pouco, pintará outra com um nome mais bonitinho e chamativo.  Tipo as operações da Polícia Federal. 

Mesmo trilho, a Crise dos serviços precários no setor da mão de obra especializada para atender aos mais obnubilados e carentes. Atrelado a estas penúrias, juntaríamos às Crises das CPI’s do Senado, que não dão em nada, onde, aliás, um bando de salafrários e hipócritas (figuras asquerosas) posam de deuses intocáveis, mamando às custas de nossos bolsos. A Crise das urnas eletrônicas, com propagandas enganosas, dia e noite, nos meios de comunicação, disseminando nos escutadores de novelas da população, que o voto eleitoral é inviolável e auditável e, que a transparência das eleições (via urna eletrônica), como um todo, está acima de qualquer suspeita conhecida. 

No mesmo pacote de gatos miando (ainda sobre o voto via urna), juntaríamos a Crise da justiça eleitoral voltada, agora, para o novo código que deverá nascer para vir regula-la de forma que fique mais fácil fazer as “gentinhas” de palhaças e os “gentalhos” de arrelias. Não se fala em outra coisa no Epicentro. O cômico, neste picadeiro armado, é que nenhum dos nossos representantes perde tempo com a Crise do desemprego, lembrando (somos mais de vinte milhões de desempregados). Evidentemente os nossos políticos querem que os desempregados se fodam de verde-amarelo. 

Igual desgraça, a Crise das Cracolândias. Percebam que (entra governo e sai governo e elas continuam a todo vapor), seguida da Crise dos miSInistros que diariamente rasgam em pedacinhos e comem com caviar e vinhos importados, a Carta Magna, ao passo que apregoam, em bom português, um truncado Estado de Direito Democrático falido e depauperado, manchado, de cabo à rabo,  de inverdades, longe, pois, de defenderem as conveniências e haveres dos fracos e oprimidos. 

Em paralelo, nos deparamos com a Crise dos preços exorbitantes das cestas básicas nos supermercados, com a Crise do dinheiro curto nos bolsos das trocentas Terezinhas e Manés, usque a Crise hídrica, a Crise do blecaute, a Crise das turbulências políticas, da Crise da segurança pública aos desvalidos, a Crise das ingerências de nossos representantes nas cadeiras da Câmara e nos bancos do Senado, nos ministérios da saúde, da infraestrutura, da cidadania... enfim, das demais pocilgas que nem valem a pena serem mencionadas. 

De roldão, convivemos com a Crise dos lobistas em peles de cordeiros (tão em moda, ultimamente), a Crise dos moradores de ruas, levando em conta que a Crise braba e feroz da linha da pobreza, a cada novo minuto, mais e mais se estica... a Crise dos desastres naturais e ecológicos, a Crise da banda energética, a Crise do aumento estapafúrdio e bizarro da gasolina e do diesel. A crise da "Petrobosta", a Crise das contas de luz em alta, do gás de cozinha, a Crise do vergonhoso auxílio emergencial (enquanto um parlamentar, além do seu salário normal, soma, a ele, um rol bastante significativo de benefícios). 

Não podemos nos esquecer, evidentemente, da Crise da censura aos meios de comunicação, às tesouradas repreensivas das canetadas nas postagens das redes sociais, as prisões ilegais de jornalistas, a Crise dos povos indígenas, das queimadas estranhas da Amazônia, dos desmatamentos, da Crise dos golpes aos cidadãos comuns. Na verdade, senhoras e senhores, numa comparação trivial, somos um amontoado de seres paralíticos com problemas cerebrais irreversíveis. Só por milagre divino teríamos a cura salvadora. 

Dito de forma mais precisa e clara, circunspecta e sentenciosa. Não passamos de deficientes físicos presos e algemados às nossas limitações mutiladas. Se fosse de outra forma, levantaríamos a cabeça e reagiríamos. Em face disto, por sermos fracos e tolos, paus mandados, vaquinhas de presépio, sofremos, igualmente, da Crise da cegueira dos iletrados e boçais. Temos, sobre as nossas cabeças, a espada de Dâmocles, presa por um fio de crina de cavalo, pronta para nos mandar para a puta que nos pariu, com residência perpétua num destes cemitérios de periferia. 

Vivemos nossos dias, numa contramão que não nos permite voltar à vida que gostaríamos de ter. Sentimos, na carne, as sarissas pontiagudas dos dilemas das Crises saltitantes. Estamos sob a égide de um império de gatunos e larápios, safardanas e punguistas. A democracia de nossos sonhos, há muito tempo se escafedeu, deixou de existir. Em seu lugar, se instalou a senhora dona D E M O N I A C R A C I A. Por ela, nos tornamos escravos, cativos, servos de senhores cultivadores do mal. 

Em resumo, senhoras e senhores, a nossa Carta de Alforria, cada dia que passa, fica mais longe de ser assinada. Em verdade, estamos muito distanciados (e botem distanciado em torno disto). Nos encontramos fora de órbita, esquecidos num planeta devasso e bandalho, degenerado e hostil, adversário e contendor. Permanecemos desconectados e totalmente fora do alcance da tão esperada e querida  E M A N C I P A Ç Ã O. 

Título e Texto: Aparecido Raimundo de Souza, de Salvador, na Bahia. 3-9-2021

Colunas anteriores: 
Criaturas de um dia 
Feito um pateta ao desabrigo do caos 
Efeito colateral 
O terceiro testículo 

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