Carina Bratt
EU TIVE UMA longa e franca conversa com ‘A Entidade’ de Frank De Felitta. Adolpho Caminha, tão logo soube desse encontro, não pensou duas vezes e correu para bater um papo sério comigo. Veio aqui em casa, desesperado. Como não lhe dei muita atenção, fez questão de me apresentar ao seu ‘Bom-Crioulo’. Este rapaz, assim que colocou os olhos nos meus, resolveu me alertar, como sua mais nova amiga, que eu parasse imediatamente de ter contato com Robin Cook, me alertando para que, se eu não seguisse por aquele caminho, ou ficaria cativa, à mercê de um ‘Risco Calculado’.
Em vista disto, fiquei indecisa. E o
por que da indecisão? Porque descobri quem era o ser diabólico que violentava
Carlotta Moran, uma inocente e pobre mulher fragilizada que vivia subjugada às
sanhas de um ser horrendo que não tinha outra finalidade senão a de levá-la às
raias comum do desespero e da desgraça. O Bom-Crioulo me pediu encarecidamente
que eu tomasse o máximo de cuidado e ficasse o mais longe possível da visão
diabólica deste espírito maligno que só servia para propagar o mal e levar as
pessoas aos obscuros caminhos dos desatinos mais desvairados e insanos
existentes na face da terra.
Para ter certeza de que eu não voltaria
a me avistar com ‘A Entidade’, fui apresentada a Janet Dailey, que me convenceu
a voltar nos próprios passos, retroceder, dar uma segunda chance a um antigo
‘Amor indeciso’ que deixei ficar quieto no passado. Raymond Chandler, meu amigo
de longos janeiros, me segredou que continua firme e forte nos calcanhares da
sua ‘Dama do Lago’, apesar do detetive que contratou, um tal de Philip Marlowe,
não estar muito empenhado em chegar a descobrir o ‘xis’ da questão, e,
consequentemente trazer à baila o enigmático e incompreensível mistério que
envolve a respeitável senhora.
Neste interregno de tempo, peço, de
joelhos no chão, as mãos em prece, à Nossa Senhora Aparecida, que interceda,
junto aos meus medos e receios e afaste os meus terrores prementes e escreva um
novo ‘Auto da Compadecida’ para me restituir a paz perdida. Ariano Suassuna,
contudo, bate o pé e diz que discorda veementemente da Santa no tocante a ela
dar continuidade aos meus apelos e ansiedades. Segundo ele, Chicó ficaria ao
deus dará e pior, desprotegido. Mudo o foco dos meus pensamentos e me
surpreendo de cara com ‘As Mulheres de Meu Pai’.
Não culpa do meu consanguíneo, a quem devo a vida, todavia, de José Eduardo Agualusa. Tento fazer a cabeça e convencer o José, e ele, chato pra cachorro, me disse que eu deveria fazer uma ‘Pausa’, nos mesmos moldes de Colleen Hoover. Enquanto as horas correm ligeiras no meu relógio de pulso, me questiono se ‘A Dor’ ou as tristezas de Marguerite Duras são mais profundas que as minhas. Não obtenho respostas, embora tente, em vão, chegar a um raciocínio lógico, igual ao de David Niven, que sabe, de cor e salteado (será que sabe mesmo?!) os possíveis ‘100 Segredos das Pessoas Felizes’.
E por que ele chegou a este somatório de serem somente 100 os tais segredos? Aqui no fundo da minha alma, acho que nem ele tem a resposta esclarecedora. Possivelmente está blefando. ‘Por que os Homens Mentem?’ Para se garantirem, para provarem que são machões e superiores a nós, mulheres? Allan e Barbara Pease não me retornaram as ligações. Ah, se eu encontrasse o meu ‘Petit Prince...!’ talvez me sentisse feliz e realizada, como Antoine de Saint-Exupéry. Às vezes eu gostaria de ir dormir e acordar ‘Alice’ vivendo no país das maravilhas, como Lewis Garroll.
Se eu pudesse me transformar numa égua,
não, égua não, pelo amor de Deus, em um cão, como o ‘Dos Baskervilles’,
ajudaria Sherlock Holmes a puxar as orelhas de Arthur Conan Doyle. Se eu
conseguisse retrogradar no tempo, me atiraria nos braços do Conde de Monte
Cristo e apagaria, de vez, da cabeça dele, a figura enigmática de Alexandre
Dumas. Bem sei, sonhos, sonhos, sonhos. Mudo o foco dos meus pensamentos
tresloucados e dou com André Gide. Fujo dele, às carreiras. Uma vez quase fui
presa na Cinelândia em face de estar de conversa com ‘Os moedeiros falsos’.
Melhor seguir o Aparecido Raimundo de
Souza e o seu ‘Cristo recrucificado’. Um dia serei a única ‘Herdeira’ de Henry
James e mandarei ‘O Senhor da Moscas’ junto com William Golding para a casa do
ca... do chapéu. O dia que me encontrar com o velho Chico Buarque, perguntarei
a ele onde se meteu o meu ‘Irmão alemão’. Alguém me disse que ele se enrabichou
com ‘A garota no trem’, uma sirigaita desbundada de nome Paula Hawkins.
Verdade, ou não, darei um colorido especial aos meus dias, pintando ‘Cinquenta
tons de cinza’ no meu rosto esmaecido e E L James que vá plantar batatas.
Max Lucado sinaliza que precisamos
seguir em frente ‘Sem medo de viver’. Concordo com ele. As incertezas de estar
‘Na Corda Bamba’, valem para cidadãos persistentes, de sangue nas ventas, como
Desmond Bagley. Se Clarice Lispector estivesse viva, pediria a ela que
desvendasse, para meus encantos, ‘O mistério do coelho pensante’ e depois fosse
comigo conhecer, de perto, o Rio de Janeiro. A cidade maravilhosa, que Jorge
Amado imortalizou como ‘O País do Carnaval. O Rio continua lindo é bem verdade,
mas segue matando mais pessoas que a Covid-19.
Não há Reganhan Cachaceiros que dê jeito.
Tudo o que eu disse aqui neste texto, são ‘Verdades secretas’ picuinhas e
problemas os mais diversificados, não os meus, igualmente as outras e outras e
outras merdas somadas às de Walcyr Carrasco que fez a gentileza de colocar, em
nossas telinhas, um folhetim pecaminoso para o regozijo do entretenimento de
nossa alma. Entre tapas e beijos, não importa o que me espera ou o que eu
espero do dia de amanhã. O que conta, neste momento, e o que eu almejo, é como
disse a minha amiga Lícia Manzo: ‘UM LUGAR AO SOL’.
Título e Texto: Carina Bratt. De
São Paulo, capital. 14-11-2021
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Roteirinho básico para uma crônica sem sentido
NADA menos que TUDO
Simplesmente ‘Lo Schiavo’
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Diferença entre escrever e orar
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