Mário Florentino
Cada um dos dois maiores
partidos encontra-se, neste momento, dividido em dois. No PSD a história é
simples, e está à vista de todos, uma vez que se realizam eleições internas
dentro de duas semanas. O caso do PS é mais subtil, mas um artigo publicado ontem
no Público chamou a atenção para essa divisão interna, tão ou mais forte que no
caso do PSD. É que, caso o PS não vença em janeiro, “o dia seguinte às eleições
não vai ser bonito de se ver”, como escreve a jornalista Ana Sá Lopes.
Há, no entanto, uma diferença
essencial nas divisões dos dois partidos. Vejamos. No partido fundado por Sá
Carneiro, tanto a facção mais esquerdista, protagonizada por Rui Rio, como a
facção que apoia o agora candidato Rangel, rejeitam qualquer acordo de governo
com o Chega. Rio apenas admite, para não fechar totalmente a porta, algum
eventual entendimento no caso desse partido “se moderar”.
Já no caso do PS, as duas
facções parecem ter uma divisão mais substancial e insuperável. De um lado
temos o PS “moderado” (chamemos-lhe assim para simplificar), ou seja, os que
defendem uma separação clara face aos partidos não democráticos de extrema
esquerda, seguindo a práxis do seu fundador, Mário Soares. Nesta ala estão
aqueles que sempre o defenderam, como Francisco Assis, Álvaro Beleza ou Sérgio
Sousa Pinto. Mas está também agora António Costa, que, após o chumbo do
orçamento por parte dos seus parceiros BE e PCP, já admite até conversar com o
PSD. Tudo em prol de se manter no poder.
No outro lado, temos os chamados “pedronunistas”, seguidores do ministro Pedro Nuno Santos, um grande adepto das empresas nacionais, e até, se necessário, de nacionalizações. Para esta ala, parece ser irrelevante a Geringonça ter falhado – ou nas palavras certeiras de Sérgio Sousa Pinto, ter morrido – porque a única hipótese que admitem para o PS formar governo é voltar a aliar-se ao PCP e ao BE. O que, como qualquer português percebe, é absurdo, uma vez que foram esses mesmos dois partidos que recusaram o orçamento. (Qual a credibilidade que teria um novo acordo passado tão pouco tempo?). Esses senhores, entre os quais o secretário de Estado, Duarte Cordeiro, nem querem ouvir falar em “bloco central”, ou em entendimentos com o PSD, partido que nas suas cabeças apelidam de fascista ou “neoliberal” (em boa verdade não sabem sequer distinguir uma coisa da outra).
Temos, portanto, um PS moderado e um PS radical que se odeiam, e com visões radicalmente distintas da política e da sociedade. E isso começa a ficar visível nas intervenções públicas de cada um dos lados, e ficará pior durante a campanha. Do lado do ainda primeiro-ministro - que nos últimos seis anos pareceu entender-se mais com a ala radical, e agora, por força das circunstâncias, volta para a ala moderada - o “papão” da extrema-esquerda será usado na campanha, para forçar o voto útil, esperando assim obter maioria absoluta. O que só vem provar que os moderados sempre tiveram razão, e que a Geringonça foi uma asneira que todos os portugueses estão a pagar bem caro, com o empobrecimento geral do país.
E, por outro lado, vem
reforçar a tese de Paulo Rangel de que um voto neste PS é um voto inútil. Só
seria útil para a ala pedronunista, que sonha com os “amanhãs que cantam”,
finalmente concretizados através de um reforço da aliança com partidos que
ainda recentemente celebraram os 104 anos da Revolução Russa: “A mãe de todas
as revoluções, um projeto emancipatório construído por operários, camponeses,
soldados, homens e mulheres que sonhavam com um mundo melhor”, lia-se num tweet
dos jovens do Bloco. Elucidativo.
Fica BEM 👍
Ricardo Araújo Pereira. O
programa semanal que mantém todas os domingos na SIC é um programa de
excelência. Apesar de ser um programa de humor, consegue ser ao mesmo tempo um
excelente programa de comentário e análise política, talvez mesmo o melhor de
todos. Porque, como disse Florbela Espanca, a ironia é a expressão mais
perfeita do pensamento. Parabéns.
Fica MAL 👎
A CNN Portugal ainda não iniciou as transmissões, mas já é alvo de polémica. A sua publicidade com a imagem dos comentadores contratados está a inundar as redes sociais, sendo alvo de chacota. Está em causa o facto de serem as mesmas caras conhecidas de sempre, e uma grande parte deles serem favoráveis aos interesses instalados no poder. É caso para dizer que não havia necessidade.
Título e Texto: Mário
Florentino, Benfica, 15 de novembro de 2021
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Estagnação ou Evolução? A escolha para Portugal
Boa noite, Professor!
E agora, Professor Marcelo?
Libertar a sociedade do "Golpe" de 2015
A CNN, seja a americana ou a brasileira, é ridícula. Quem ainda assiste ao redondinho Brian Stelter? Ao irmão do governador do Estado de Nova Iorque, Christopher Cuomo? Ao penteadinho Anderson Cooper? Ao cínico Jake Tapper? Almost nobody
ResponderExcluirO mesmo acontece no Brasil, onde é a terceira ou quarta estação assistida.
A CNN, enfim, é uma albergaria chique para os militantes fantasiados de jornalistas.
O franchising em Portugal me parece mais ridículo ainda: um canal já estabelecido, transfigura o seu canal de notícias 24h em... CNN Portugal. Com as caras e bocas mais vistas na televisão portuguesa.
Quanto ao CDS e PSD:
ResponderExcluirO CDS é o partido que a extrema-esquerda ama: "tão vendo como a gente é democrata!"
(Tem uma deputada que, pelo pouco que vi, é um "oásis" naquele deserto: Cecília Meireles.
Quanto ao PSD tomei aversão pelo comportamento de muitos dos seus integrantes durante o governo de Pedro Passos Coelho: (citando de memória) Rui Rio, a cobra Marcelo quando comentador, um tal de Capucho, o que dizer de Alberto João Jardim?, tem um cara que ia todas as noites, de barba, esqueci o nome, sem falar numa coisa que dá pelo nome de Pacheco Pereira!, lembrei da antiga ministra, Ferreira Leite, cujo veneno transpassava a telinha e fustigava os meus óculos.
Deus me livre dessa gente!
E CHEGA de direita consentida!