Guilherme Fiuza
O “New York Times” disse que
detectou uma movimentação de aliados de Donald Trump para forçar a eleição
brasileira para o lado de Jair Bolsonaro. O “New York Times” é ridículo.
E sabe que é ridículo, mas
mantém a pegada. É um jornal falido que vende verniz virtuoso para a burguesia
se fantasiar de humanismo. Alguém está pagando essa pantomima, é claro, porque
um grande jornal não vira um panfleto pueril e continua sendo um bom negócio.
O negócio é fingir que está
combatendo o mal com roteiros pré-escolares. Isso valerá a pena (sic) até o dia
em que a maioria do público entender e expressar a singeleza enunciada no
parágrafo acima: o NYT não é “progressista”, “militante”, “rebelde”, etc – é só
ridículo.
Estou à vontade para fazer
essa crítica porque já deixei claro inúmeras vezes que considero a dicotomia
caricatural direita x esquerda um elementar engano. Se “esquerda”, por exemplo,
serve para classificar de João Pedro Stédile a Marc Zuckerberg (e pateticamente
serve), o significado, a utilidade, a serventia desse conceito é zero. Aliás, a
cada vez que alguém chama Zuckerberg de “esquerdista” ele ganha 1 milhão de
dólares – nadando de braçada no bom e velho capitalismo.
O magnata do Facebook vende a mesma tralha “progressista” do NYT. Tem
quem compre – e como tem.
Se o mundo tivesse dois lados
ele seria chato. Tão chato quanto uma Terra plana. É isso: a dicotomia direita
x esquerda é uma espécie de terraplanismo com banho de loja. Vamos fazer essa
simplificação tosca para que cada um possa estufar o peito e dizer que está do
lado do bem contra o mal, e vice-versa. Todos em busca do inimigo perfeito para
chamar de seu. Que nem nas historinhas de super-herói.
Assim está o “New York Times” na sua demagogia ridícula. Vamos fingir que o Trump é a perfeita encarnação do mal e ficar jogando flechinhas de plástico nele para hipnotizar uns trouxas. E como tem trouxa. A graça de ser contra a “direita” é se fazer de bonzinho, altruísta e amigo do povo. Bem, olhando os indicadores sociais, o governo Trump deu mais emprego e renda aos menos favorecidos que seu antecessor, o imaculado Barack Obama. E agora? Estaríamos diante de uma maldade trans?
Vamos repetir: não há aqui a menor intenção de dizer que os Republicanos são melhores que os Democratas – que tiveram bons momentos, por exemplo, com John Kennedy e Bill Clinton, este último inclusive fiador de uma reforma monetária liberal no Brasil (que o álbum de figurinhas dizia na época que era “de direita”). Já vários Republicanos se juntaram à oposição desleal contra Trump, cujo governo desmentiu todas as projeções de xenofobia e autoritarismo. Que direita é essa? Qual é o lado? Vamos deixar para lá esse papo de sociólogo e chamar as coisas pelos seus nomes.
Cinismo, por exemplo. Essa
palavrinha não precisa de tradutor pós-graduado em conversa fiada. Passar
quatro anos fingindo que Trump ganhou as eleições em conluio com a Rússia – e
na completa ausência de comprovação dessa tese continuar insistindo
mecanicamente nela é cinismo.
Foi o que fez o NYT e boa
parte da imprensa tradicional no mundo. Isso não a torna uma imprensa de
esquerda contra a direita. Isso a categoriza, ao menos momentaneamente, como
uma imprensa desprovida de boa-fé. Só isso.
Por que é tão urgente desmascarar essa guerrinha esquerda x direita? Porque ela é o maior trunfo dos hipócritas. No momento há um clube de ricos fantasiados de sensíveis e conscientes chamando de fake news tudo que não ecoa suas cartilhas falsamente virtuosas. Eles não estão combatendo a “direita”. Estão atentando contra a liberdade, em pele de cordeiro. Que tenham ao menos a dignidade de afrontar a democracia com a carranca do lobo mau.
Essa é a tese ridícula do NYT.
Depois de uma eleição repleta de indícios de fraudes, em ocorrências cujo
mérito a Justiça na maioria das vezes decidiu sequer examinar, saiu vencedor o candidato
Democrata – o defendido pelo NYT, que agora diz que Trump está exportando à
“direita” brasileira seus truques de manipulação eleitoral. Parece a história
do assaltante que arranca a bolsa da vítima e sai gritando pega ladrão.
Fechem o álbum de figurinhas do Muro de Berlim e desmascarem esses hipócritas.
Título e Texto: Guilherme
Fiuza, Gazeta do Povo, 14-11-2021, 10h59
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