Vendas podem superar as de 2020 em 5%
Flávia Albuquerque
Uma pesquisa da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), feita em todo o país, mostrou que 62,5% dos 1,2 mil associados farão promoções em seus pontos de venda durante a Black Friday (sexta-feira preta), no fim de novembro, enquanto 18,8% dos lojistas gostariam de participar da data, porém, não conseguirão devido ao aumento de custos que pressionam os preços e as margens de venda.
Os que admitiram que não vão
participar são 12,5% e os que apostarão apenas em promoções via internet em
plataformas de e-commerce são 6,2%.
Mesmo assim, a expectativa da
Alshop com relação à data é positiva, podendo superar os números de 2020 em 5%.
“Sabemos que o varejo tem se erguido aos poucos, e mesmo diante da alta dos
preços, em conversas com outros empresários, há muito mais otimismo para essa
nova fase”, disse o diretor institucional da Alshop, Luis Augusto Ildefonso.
Segundo ele, mesmo com a alta
do dólar e o aumento de custos indiretos, os consumidores podem visitar as
lojas esperando descontos significativos. “Os descontos não serão tão generosos
como nos anos anteriores, mas com certeza farão a diferença para o consumidor
que está em busca de smartphones, eletrodomésticos ou até outros produtos que já
estejam no radar. O importante é aproveitar a data e pesquisar para encontrar
bons descontos”, afirmou.
Limite de descontos
A Federação do Comércio
(Fecomercio) de São Paulo alertou para o fato de que a preparação para a data
requer atenção dos lojistas na hora de identificar o limite de descontos para
atrair os consumidores sem comprometer o fluxo de caixa, ainda mais diante de
um cenário de incertezas econômicas e com indicadores de consumo deteriorados
(desemprego em alta, inflação, deterioração da renda e crédito mais caro). Por
outro lado, alguns pontos críticos devem ser analisados quanto à Black Friday
deste ano.
“A oferta mais escassa de bens duráveis, como eletroeletrônicos e eletrodomésticos, poderá ter impacto nas vendas, considerando que os insumos necessários para a fabricação destes produtos estão com preços mais altos. Além disso, o crescimento mundial da demanda e a falta de componentes eletrônicos poderão comprometer a oferta de determinados produtos”, disse a entidade.
Segundo a Fecomercio, com a
retomada econômica, houve crescimento significativo da demanda, atingindo a
logística de transportes, com o número de contêineres, navios e aviões não
aumentando para dar conta dos pedidos que já estavam atrasados por causa das
medidas restritivas para controle da pandemia e das novas encomendas mundiais
simultaneamente, elevando o preço dos fretes e os prazos para a exportação e a
importação de produtos. A alta do dólar é outro componente a ser considerando,
aumentando o custo dos produtos.
“Em razão de todos estes
problemas, os lojistas já trabalham com estoques mais baixos para atender os
clientes neste fim de ano. Um dos grandes desafios será realizar promoções que
sejam interessantes para os consumidores, considerando o aumento dos custos,
sem comprometer as finanças do negócio”, informou a Fecomercio.
Para a entidade, o ponto de
atenção para os lojistas na Black Friday deste ano é colocar o consumidor no
centro das estratégias do negócio, proporcionando a melhor experiência de
compra, desde o primeiro contato até o pós-venda.
Guia ajuda lojistas
Dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), baseados em um levantamento da consultoria Neotrust/Compre&Confie, mostram que, no ano passado, mesmo com as medidas de distanciamento social mais rígidas e os efeitos mais intensos da crise econômica desencadeada pelo novo coronavírus, as vendas na Black Friday cresceram mais de 30% em relação a 2019 e alcançaram R$ 5,1 bilhões.
Por conta desses números e
para impulsionar as vendas este ano, a entidade elaborou um guia para ajudar os
lojistas a buscarem alternativas para alavancar as vendas. Em primeiro lugar a
associação orienta para aproveitar o alcance das redes sociais. “Muitos
empreendedores, especialmente aqueles que têm apenas um negócio físico, ainda
não conseguem enxergar a real necessidade de usar as redes sociais a seu favor.
Além de abrir uma conta da empresa, vale a pena considerar a ideia de investir
em anúncios para impactar mais usuários com as suas ofertas”, salientou a ACSP.
Outra dica é oferecer
descontos reais, já que o período é um sucesso de vendas, mas também desperta a
desconfiança com relação aos descontos. “Isso porque, nas últimas edições,
muitas empresas aumentaram os preços às vésperas do evento para, no dia da
campanha, anunciar reduções maiores nos preços. O lembrete é o de que
conquistar a confiança do público em uma data como esta pode fidelizar clientes
para o ano todo”.
É importante controlar o
estoque e o caixa para definir a estratégia de marketing e de precificação, não
esquecendo de avaliar o estoque e verificar com os fornecedores se os contratos
de compra serão cumpridos ou se podem sofrer atrasos.
“Outro ponto de atenção é
garantir que o treinamento da equipe esteja em dia para que não haja falhas no
processo. As respostas aos clientes no WhatsApp, e-mail, redes sociais e todo o
suporte pós-venda devem ser cordiais e transmitir credibilidade para o
público”, sugeriu a ACSP.
Título e Texto: Flávia
Albuquerque; Edição: Kleber Sampaio – Agência Brasil, 16-11-2021, 11h28
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