Marcelo Rates Quaranta
Nesse quadro o “Fernandinho” sempre defendia a esposa diante dos seus visitantes cada vez que ela falava uma asneira imensurável, porém todas as vezes assumia que apesar de burra ela servia para satisfazer seus desejos sexuais, quando dizia que ela podia ser “atrapalhada” ou ter “um jeito burrinho”, mas debaixo dos lençóis… Bom, de verdade ele dizia que naquele reino, fora da cama ela era uma jumenta e na cama uma rainha, daí as coisas se compensarem.
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Cláudia Rodrigues (Ofélia) e Lúcio Mauro (Fernandinho) |
O quadro era muito engraçado e
quem era inteligente sabia que não se tratava de ofender pessoas simples ou com
pouco conhecimento, e sim caricaturar as burras e fúteis. As pessoas simples
guardam um tesouro muito grande que é a sabedoria. A ofélia não caricaturava a
mulher e sim as pessoas burras de uma forma geral, pois há por aí inúmeros
“ofélios” também.
Tempos depois o programa “Sai
de Baixo” copiou o formato da Ofélia e criou a Magda (interpretada pela Marisa
Orth), cujo jargão que a marcava era”Cala a boca Magda!”. Magda era tão burra e
tão fútil quanto a ofélia e ainda só servia para os mesmos propósitos.
Até aí tudo bem, porque era um
humor focado nas tais caricaturas e não faziam alusão a nada conhecido no mundo
real. O grande problema veio com a chamada “pátria educadora” e com a internet,
que passou a criar Ofélias e Magdas às toneladas e a dar visibilidade a essas
aberrações.
A política não passou incólume. Tivemos uma Ofélia encarnada numa presidente da república que nos fazia rir a cada declaração. Dilma era a própria Ofélia, e o brasileiro, sempre com vergonha, se limitava a rir das suas declarações que eram capazes de fazer os escritores do quadro da Ofélia uns meros estagiários de redação. Outro exemplo: Quem ouve parlamentares como a Talíria Petrone [foto], Sâmia Bonfim, Janones ou Erika Kokay sente um ímpeto de gritar “CALA A BOCA MAGDA!” – Mas foram eleitos e tristemente transformam o plenário num “citycom” que empalidece seus pares mais cultos.
As redes sociais espalharam
pelo Brasil as inúmeras Magdas e Magdos, dando visibilidade a Felipe Neto e
outros seres ignóbeis que se projetaram falando as piores asneiras, e com
declarações tão profundamente estúpidas, que são capazes de corar qualquer
criança do Jardim I.
No meio musical projetaram
funkeiros analfabetos que além de não cantarem nada, cantam com um português
sofrível e denotam apenas que o brasileiro medíocre – identificado com essa
falta de cultura emanada pelos seres mais estúpidos da periferia – idolatra
esse tipo de gente em vez de valorizar a verdadeira cultura. Cada um deita na
cama em que cabe… Para muitos só o chiqueiro.
Recentemente vi que uma
“influenciadora digital”, num total desconhecimento sobre genética, fez
plástica para que os filhos nascessem bonitos. Não riam. Isso é muito triste,
pois o fato de essa mula ter milhares de seguidores nos sinaliza o péssimo
futuro que espera o Brasil. Olhem a quem nossos jovens seguem!
Então, a burrice e a
ignorância que antes não passavam de humor, passaram a ser glamourizadas como
uma espécie de padrão no país dos filósofos do vazio (Karnal e cia) e da
“pátria educadora freireana”, aquele que foi o precursor de um método que
converte potenciais mentes pensantes em ofélias e magdas reais, e isso ainda
ajudado por professores formados pelo mesmo método e pelo bombardeio constante
da cultura do ignóbil pelas redes sociais.
Hoje o Brasil aplaude de pé a
ignorância. Amanhã não precisará mais de soja, milho e etc. Bastará plantar
capim e as novas gerações estarão alimentadas. Bom, pelo menos haverá segurança
alimentar, já que cultura…
Título e Texto: Marcelo
Rates Quaranta, dMIX Brasil, 3-4-2023
A ofelizacao começa com o autor. Tentando passar-se por intelectual, utiliza o termo “citycom”, inexistente na língua inglesa, em lugar de “sitcom”, abreviação de “situation comedy”. É o próprio Ofélio. Como membro do gado, é sério candidato a consumidor do capim a que se refere no texto.
ResponderExcluirVicente Nogueira