Carina Bratt
A DESIGNAÇÃO GERAL dá conta de que elas, as corujas, são aves de temperamento tímido, quietas e discretas. Pertencem as famílias das passeadoras noturnas e costumam chamar a atenção em vista da cabeça grande, aparentemente maior por causa da plumagem, imensos olhos fixos, posicionados para diante, à maneira do ser humano, ouvidos desenvolvidos, mais aguçados, além das penas fofas e soltas.
Os dicionários nos ensinam que
as corujas são bichos de plumagem mole e voos silenciosos. Se criadas em
cativeiros ficam mansas, principalmente se aprisionadas desde filhotes. A
maioria pousa na mão do dono e aceita alimentos dados por ele. Preferem almoçar
ratos, camundongos, pássaros e pequenos animais mortos, embora não sejam
acostumadas com a carne bovina, menos ainda a suína.
À noite, não dispensam um
saboroso gafanhoto ao alho e olho, ou larvas de Tenébrio (1) com miojo e
bastante caldo misturado com pedaços de tomates. Essa preferência se dá ao fato
dessas iguarias, ao serem devoradas, não causarem perturbações nas funções
digestivas. É comum, depois de um apetitoso jantar, vomitarem os pêlos e parte
dos ossos ingeridos, uma vez que carregam a particularidade de engolirem os
alimentos todos de uma só vez.
Todavia, agem assim, não sem antes aproveitarem, ao máximo possível, o bolo alimentar regurgitando (lançando o que há em excesso para fora do estômago), expelindo igualmente as penas e os ossos em forma de rolinhos de cabelo, depois de, claro, palitarem cuidadosamente os dentes não permitindo que nenhuma sujeira fique grudada ou exposta, o que causaria mau cheiro aos demais componentes do bando.
De quase todos os animais
existentes, a coruja é um dos poucos que quase não gastam dinheiro com
dentistas. Usam cuidar com esmero da arcada dentária evitando que outros, ao se
aproximarem, sintam algum tipo de cheiro desagradável por falta de higiene
bucal. O mesmo acontece com o resto do corpo. Extremamente amantes da limpeza,
tomam de oito a dez banhos diários, exceto no inverno quando esses números caem
para três.
Pesquisa recente, publicada
numa revista especializada em animais exóticos, norteiam que os hipopótamos e
as jaguatiricas aparecem em (5º) quinto lugar no quesito asseio. Em (4º)
quarto, estão as macacas que, além de uma boa ducha ou banho de cachoeira, não
perdem de vista os salões de beleza. Em (3º) terceiro, aparecem os elefantes,
empatados com os crocodilos. Em (2º) segundo, as leoas e os jacarés e, no topo
da lista, as corujas que não trocam, por nada desse mundo, as banheiras de
ofurô, com sais e ervas perfumadas.
As corujas representam, pois,
a suavité personefiqué da raça, seja em graça ou beleza, como também pelo
fanatismo instilado no cultuamento à erudição. Daí representarem a sabedoria em
toda sua majestade. Outra singularidade é que jamais transam com companheiros
diferentes. O escolhido viverá com sua amada o resto de seus dias, observando
que o tempo médio de existência dessas aves é de (15) quinze a (20) vinte anos.
Ao contrário do que se pensava
até bem pouco tempo, as corujas não sofrem de vaginismo, como algumas mulheres,
ou seja, aquela contratura dos músculos que não permite a penetração do macho
na hora de partir para a procriação. Geralmente as corujas se entregam de corpo
e alma ao acasalamento. Ao prenhar, põem de três a cinco ovos por postura. O
tempo de incubação gira num círculo de (32) trinta e dois a (34) trinta e
quatro dias.
Os bebezinhos “corujinhos” e
“corujinhas” têm uma variação para começarem a voar, dependendo da espécie,
porém, essa diferença genética nunca ultrapassa os (86) oitenta e seis dias.
Por derradeiro, as corujas não transmitem nenhum tipo de enfermidade como é
inofensiva para o homem. Os varões, por sua vez, não passam às consortes
doenças sexualmente transmissíveis, até porque, não traem, em nenhuma
circunstância as suas escolhidas. Tampouco arranjam corujas vadias para sexo
fora do casamento.
Por essa razão, os machos
jamais usam camisinhas. O aparelho reprodutor de um caboré (2), embora
relativamente de volume bastante expressivo, por se situar em local de difícil
acesso, acaba se tornado humanamente impossível para o cabeça do casal (por
mais assanhado ou tarado que seja, ou esteja), colocar um preservativo na sua
amada na hora exata de partir para os caminhos do amor, mesmo se levando em
conta os mais habilidosos ‘meninos’ dessa linhagem.
Aproveitando o gancho, já não
queremos falar no tesão dos machos. Seria meio complicado, pois envolve uma
série de pequenos fatores que se alinhados, passariam de mil. Apenas para
meditação e esclarecimento das minhas leitoras e amigas. A fome de procriar desses
animais é deveras interessante: dura apenas cinco segundos. E não tem um
segundo tempo. Ainda que algum ‘corujo’ metido a médico especialista ou
farmacêutico com anos de experiência, com certeza, nenhum deles ousará receitar
algum azulzinho ou equivalente com promessas de alongamento ou dilatação na
hora do balanceamento dos esqueletos.
Título e texto: Carina Bratt, de Brasília Distrito Federal, 7-5-2023
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