Rodrigo Constantino
Uma reportagem grande hoje no GLOBO, com chamada de
capa, mostra o enorme aumento do êxodo de brasileiros que buscam uma qualidade
de vida melhor no exterior.
O jornal foca na crise econômica, mas mostra que
cada família apresenta um motivo diferente: a desvalorização da moeda, melhores
oportunidades de trabalho, uma vida melhor para os filhos, etc.
A correlação
entre o aumento do êxodo e o aumento da rejeição à presidente Dilma é total: os
brasileiros que decidem se mudar estão muito cansados desse governo petista:
Números obtidos pelo GLOBO
junto à Receita Federal confirmam que a emigração qualificada está em alta.
Entre 2011 e 2015, o total de Declarações de Saída Definitiva do país —
documento apresentado ao Fisco por quem emigra de vez — subiu 67%. Em 2011, a
Receita recebeu 7.956 declarações, 21 para cada dia do ano. Em 2015, foram
13.288, numa média diária de 36 saídas.
— Esse número é apenas uma
amostra pequena da realidade da emigração — diz Joaquim Adir, supervisor
nacional de imposto de renda da Receita. — Mas reflete a saída de uma elite
financeira e cultural, de pessoas que se preocupam em ficar quites com a
Receita e que têm conhecimento da importância disso. Não entram aí os
brasileiros que não têm bens ou rendimentos, como crianças e jovens, nem os que
querem sair de forma ilegal. Essa emigração está em alta.
Os engenheiros José Wellington
e Silvia Oliveira chegaram a Toronto, no Canadá, em abril. Levaram Julia, de 7
anos, e Nicolas, de 3. Em Belo Horizonte, a família tinha casa própria.
Wellington trabalhava na área de mineração, e Silvia, na firma de avaliação de
imóveis do pai. Nos últimos meses de 2013, a empresa de Wellington deu um
alerta: diante da crise incipiente, não teria como manter toda a equipe a
partir de agosto de 2014.
— Foi a gota d’água — diz
Silvia. — Estávamos cansados da corrupção, da violência, do espírito do
cada-um-por-si. A gente odeia o PT, o Lula, a Dilma. Vimos que o país estava
afundando num buraco e que não havia luz no fim do túnel. Cada escândalo de
corrupção que surgia solidificava nossa decisão. Então nos inscrevemos no
programa canadense e passamos por um processo trabalhoso. Não digo que foi
difícil. Só burocrático.
Pergunto: como condenar essa
gente? O que o Brasil tem feito para merecer os melhores
talentos? O que o país tem feito para preservar aqueles que
efetivamente criam riquezas? Conversando com várias dessas pessoas
que ou já resolveram se mudar ou estão pensando seriamente na decisão, posso
atestar que os motivos apresentados são bastante parecidos, convergem para um
mesmo quadro geral, que tenho resumido com meu bordão: o Brasil cansa!
Vejamos: para começo de conversa,
essas pessoas não costumam ligar tanto para ideologias, e ficam de saco cheio
com a mentalidade socialista vigente no Brasil, que condena o lucro, o
empreendedorismo, o capitalismo. Essas pessoas querem apenas um ambiente melhor
para trabalhar e produzir riquezas, sem pagar tantos impostos, sem enfrentar
uma burocracia asfixiante, e sem, depois de tudo isso, ainda ter que aturar os
“intelectuais” e artistas condenando sua “ganância” ou “ambição”, justamente o
que é louvado no exterior, nos países ricos e desenvolvidos,
não por acaso capitalistas.
O simples fato de que muitos
brasileiros reagem a essa fuga de cérebros de forma mesquinha, com um ufanismo
boboca do tipo “já vai tarde, o Brasil não precisa de vocês”, em vez de
analisar racionalmente por que tanta gente boa está partindo,
já demonstra bem a razão pela qual tantos vão embora: esse atraso intelectual
cansa muito. O Brasil tem um monte de gente com complexo de vira-lata, que em
vez de olhar com admiração para os países melhores, olha com
revolta e inveja. Como melhorar assim?
Outro motivo para a debandada,
seguindo na mesma linha, é o ambiente cultural do país, com a enorme subversão
de valores, com a vitimização de bandidos, com o enaltecimento de tudo que é
lixo por medo de ser tachado de preconceituoso, com o “jeitinho” e a
“malandragem” excessiva do brasileiro, que julga otário aquele cidadão ordeiro
que segue as leis. Como isso tudo cansa! Essas pessoas que se mudam entendem a
importância de se viver num país civilizado em que as leis são respeitadas e
não há espaço para esse coitadismo todo que estraga o Brasil.
Em seguida, há razões mais
comezinhas, ligadas ao dia a dia. Violência em primeiro lugar (pois ninguém
gosta de sair de casa com medo de levar uma bala perdida ou ser assaltado a
qualquer momento), oportunidades melhores de trabalho, trânsito melhor e mais
civilizado (não consigo expressar bem a minha revolta com o caótico trânsito
carioca sem perder o decoro necessário ao blog), vida digna para a imensa
maioria nos países mais civilizados e capitalistas (não há miséria para todo
lado), Lei Seca (nos Estados Unidos, por exemplo, ninguém é parado ex
ante, como no filme “Minority Report”, e você pode perfeitamente tomar seu
vinho no jantar e voltar dirigindo, pois é punido aquele que efetivamente demonstra
sinais de direção irresponsável), etc.
Repito: como culpar aquele que
decide levar a família para lugares tão melhores assim? Ah,
não posso usar o conceito de melhor, pois isso já me transforma num “inimigo da
Pátria” para muitos? E essa reação é justamente, como já disse acima, parte da
explicação de porquê tantos se mandam, cansados desse pensamento pequeno típico
de gente medíocre e perdedora, gente invejosa que ataca os bons em vez de
tentar melhorar.
Pergunto uma vez mais: como
culpar aquele que não aguenta mais viver num país em que o PT está no governo
há tanto tempo, mesmo depois de tudo que aprontou, e que ainda tem
“intelectuais” como Leonardo Boff e Marilena Chaui falando besteira com amplo
espaço na imprensa, e artistas como Chico Buarque e Gregorio Duvivier sendo
idolatrados por suas opiniões políticas? Só o fato de
Greg e Guilherme Boulos, que estaria preso em qualquer país
sério, terem colunas no maior jornal do país já é motivo suficiente para
pessoas decentes desejarem “picar a mula”.
O Brasil cansa. E muito. Um
leitor definiu, de forma simplificada, os três tipos de brasileiros: os
safados, os otários e os reféns. Safados nós conhecemos bem: muitos estão em
Brasília, com carrões de luxo na garagem depois de uma vida toda no setor
público, ou andando de jatinho particular pago por empreiteira.
Os otários são os idiotas
úteis que ainda acreditam nesses políticos, que pregam mais estado como solução
para os problemas causados pelo excesso de estado.
Os reféns são todos aqueles
conscientes disso tudo, mas impossibilitados de mudar as coisas ou se mudar. A
maioria dos leitores deste blog está na terceira categoria, naturalmente.
O “brain drain” que o Brasil
está sofrendo, em escala cada vez maior, é preocupante, mas compreensível. Como
na novela de Ayn Rand, esse capital humano bom foge para lugares melhores,
busca refúgio em países mais civilizados e capitalistas, com uma mentalidade
vigente menos atrasada e invejosa, com um governo menos hostil aos
empreendedores e trabalhadores que criam riquezas. Com isso, o Brasil vai
perdendo mais talentos, riqueza, recursos, pois quem ainda acha
que é o petróleo debaixo do solo que faz uma nação próspera, explorado pelo
próprio governo, e não o capital humano, não entendeu absolutamente
nada!
Confesso ao leitor: muitos com
quem converso gostariam de simplesmente “dar uma banana” ao Brasil e se mandar
sem olhar para trás, mas não consigo fazer isso. Meu lado mais patriótico fala
mais alto, e lamento profundamente isso tudo. Lamento saber o que o
Brasil poderia ser, mas não é, por conta dessa cultura tacanha,
desse esquerdismo ultrapassado, dessa mentalidade tosca que cospe em tudo que é
melhor, que ataca aqueles que carregam o país nas costas, criando riquezas e
empregos.
Penso no que poderia ser meu
querido Rio de Janeiro sem tanta miséria e violência, sem os lindos morros
dominados por favelas do tráfico, com praias maravilhosas que poderiam ter
inúmeros restaurantes fantásticos com ótimos serviços, e fico muito triste.
Olho para Miami, por exemplo, como o Rio que deu certo. E depois ainda tenho
que aturar um Sakamoto da vida, uma nulidade intelectual que é idolatrado por
idiotas úteis, repetir que Miami não deu certo coisa alguma, e condenar o rico
que é assaltado no Brasil, por ser rico.
Vai ver que quem deu certo
mesmo foi o bloco bolivariano que essas mulas oportunistas defendem! Por isso
vemos tanto fluxo migratório desses países capitalistas para os socialistas,
não é mesmo? Todos querendo entrar, ainda que ilegalmente, em Cuba, na
Venezuela, na Argentina ou mesmo no Brasil. Com certeza! O leitor não faz ideia
da quantidade de americanos que querem aproveitar a “justiça social” petista e
os sindicatos fortes que “protegem” o trabalhador no Brasil. Milhões!
A ironia é o último recurso do
desespero. Tentamos rir para não chorar. Enquanto o Brasil tiver “intelectuais”
como esses, não corremos o menor risco de dar certo. Continuaremos com esse
ambiente hostil aos criadores de riqueza, e com um terreno fértil para
oportunistas de plantão, para marxistas como Paulo Freire subirem até o patamar
de “patrono da educação”, uma educação que para ser apenas lamentável e
medíocre ainda precisa melhorar muito. Até quando? Quantos brasileiros decentes
vamos ver partindo até cair a ficha? Acorda, Brasil!
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