terça-feira, 6 de abril de 2021

[Foco no fosso] Informática x Poetrix

Haroldo Barboza

Em 1971 entrei para o ramo da Informática como Programador (Cobol, PL1 e JCL). Em 1975 passei em prova para Analista de Sistemas. Éramos conhecidos como técnicos da área de Processamento de Dados (PD). Hoje chamam de Tratamento da Informação (TI).

Muitas pessoas nos admiravam como “alquimistas” modernos. Eu admiro aviadores, comandantes de navios, engenheiros civis e médicos (não escravos do computador).

Montamos diversos sistemas corporativos que encantavam nossos clientes (e a gerência superior). Nossos clientes diretos eram pessoas das áreas da contabilidade, recursos humanos, ações, material, vendas e outras menos votadas. Mais de 1.800 pessoas em contato direto conosco e dependentes de nosso trabalho correto e ágil no CPD.

A partir de 1990, os micros começaram a chegar às mesas de nossos colegas, que passaram a criar seus processos locais (centenas de dados) sem dependerem tanto de nosso trabalho (milhões de informações para serem arrumadas com rapidez).

Através da linguagem ROSCOE (IBM) podemos dizer que criamos nossa “intranet”, permitindo troca de pequenos arquivos e troca de mensagens rápidas sem uso do telefone.

Ensinei diversos “clientes” a usar e criar rotinas (integradas com o computador central) para seus setores, enquanto meia dúzia de colegas demostravam certa apreensão e alguma depressão diante do temor de perderem importância (status) diante de antigos dependentes de seus préstimos.

*** Mudando de assunto. Comparando com a Literatura. ***

Milhares de autores residem no patamar mais alto da Literatura com todo merecimento, por obras valorosas que encantam gerações sucessivas. Membros da ABL se sentem “sacerdotes” por dominarem com maestria as centenas de figuras de linguagem que ilustram suas belas obras.

Latim para eles é refresco. Eu só tirei 10 UMA vez nesta matéria (mas a menor nota foi 5,5 no ginasial) com o eclético Wandick Londres da Nóbrega no saudoso Colégio Pedro II.

Por todos estes méritos, nossos escritores (e muitos de seus seguidores), não enxergam o Poetrix como uma arte que mereça maior apoio, pois apesar de seus “segredos”, pode ser praticada com mais facilidade por um enorme grupo de habitantes que conseguem (não há o incentivo devido) ler pelo menos um livro por trimestre. Eu tive a oportunidade (por vontade própria) de ler quase dez livros por ano, durante trinta e cinco anos. Apesar de ser uma “migalha”, em nosso país é um privilégio. 

Portanto, a disseminação do Poetrix não contará com o apoio destes monstros das letras, para não se “igualarem” com os menos letrados.

Além do mais, muitos ocupam cargos executivos e em seus cardápios não consta nada que possa elevar as mentes populares.

Cabe a nós, apreciadores mais fervorosos, tentar contaminar amigos do clube, condomínio, uma Professora na família, alunos dela (ou seus) asilos, creches, paróquia, manicure etc. para que os desejosos (com um mínimo leque de sinônimos) adquiram o gosto pela arte. Devemos apresentar-lhes a matéria como “diversão” (*).

Num almoço com mais quatro ou cinco pessoas, cabe um “rodízio” (nem precisa de papel, mas pode gravar no smart), onde o participante seguinte cria sua obra a partir da última palavra do anterior.

(*) - antes do meu sogro falecer, nas duas visitas semanais à casa de repouso, eu fazia isto com três internos. Daí nasceu o RX10.

Orçamentos públicos mal cobrem as despesas para limpeza de edificações, salários de funcionários, segurança dos acervos (o museu da Quinta / RJ já foi esquecido?) e agregados. O que sobrará para disseminar Cultura entre “excluídos”?

Título e Texto: Haroldo Barboza, 6-4-2021

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A quarta onda está chegando 

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