sábado, 2 de julho de 2022

[Versos de través] A um poeta

Olavo Bilac









Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua!

Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço: e trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua
Rica mas sóbria, como um templo grego

Não se mostre na fábrica o suplicio
Do mestre. E natural, o efeito agrade
Sem lembrar os andaimes do edifício:

Porque a Beleza, gêmea da Verdade
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade


Olavo Bilac

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[Versos de través] A angústia 
Mon rêve familier 
Transforma-se o amador na cousa amada 
O lenhador 
Luar do Sertão 
Porto 
Em todos os jardins 
Morrer de amor 

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