Um vídeo exibido por Tucker Carlson, da Fox
News, provou que a narrativa partidária em torno dos eventos envolvendo a
invasão do Capitólio foi uma grande farsa
Rodrigo Constantino
Por dois anos o público teve acesso apenas às imagens que a grande mídia escolheu divulgar sobre a invasão do Capitólio naquele fatídico 6 de janeiro. A narrativa era que os Estados Unidos viveram uma tentativa terrível de golpe e que a sua democracia correu enorme perigo. Tudo teria sido culpa de Trump, claro, apesar de o então presidente ter sido claro sobre o lado pacífico da marcha de protesto que incentivou. Todo apoiador de Trump era um potencial golpista, eis o resumo da ópera.
Foto: Sebastian Portillho/Shutterstock |
Uma ópera-bufa, agora fica
mais claro. O Comitê do Congresso que teve acesso ao material completo das
câmeras de segurança nunca havia divulgado essas imagens, tampouco a velha
imprensa pareceu interessada no tema. A líder era Nancy Pelosi, a democrata.
Agora, sob o comando de um republicano, essas imagens finalmente chegaram ao
público, por meio de Tucker Carlson, da Fox News.
Na segunda-feira, Tucker
Carlson divulgou a primeira parte da investigação de sua equipe sobre cerca de
40 mil horas de imagens de segurança do Capitólio naquele 6 de janeiro de 2021.
O vídeo que Carlson exibiu para seu grande público provou que a narrativa
partidária em torno dos eventos foi uma grande farsa.
“Os democratas no Congresso, auxiliados por Adam Kinzinger e Liz Cheney, mentiram sobre o que aconteceu naquele dia. Eles são mentirosos. Isso é conclusivo e deve impedir que eles sejam levados a sério novamente”, disse Carlson. A primeira série de clipes de Carlson reproduzidos foi uma filmagem adicional não divulgada anteriormente dos manifestantes de 6 de janeiro circulando sem violência pelo Capitólio, muitas vezes ao lado da equipe de segurança e dos policiais.
Certamente, alguns dos primeiros
a entrar no capitólio quebraram janelas e forçaram a abertura da porta. Mas,
para as centenas que se seguiram, eles pareciam inconscientes do dano causado e
eram claramente não violentos. A polícia simplesmente os deixou entrar. Alguns
são vistos parando para limpar alguns danos causados por outros que haviam
passado antes.
O foco então mudou para Jacob Chansley, mais conhecido como o xamã QAnon. Os policiais do Capitólio, por sua própria vontade, guiaram Chansley por todo o local. Mesmo quando a polícia superou Chansley em nove para um, eles não se moveram para prendê-lo ou removê-lo. Chansley mais tarde agradeceria aos oficiais em oração no plenário do Senado.
Foto: Johnny Silvercloud/Shutterstock |
Se o 6 de janeiro foi o que a
mídia e o Comitê Seleto dizem que foi — uma insurreição violenta destinada a
interromper a transferência pacífica de poder e assumir o controle do governo
federal à força em nome de Donald Trump —, esse é um cenário em que a polícia
do Capitólio deveria guiar tranquilamente os participantes do golpe violento?
Onde estavam as armas dos terroristas, aliás? E quantos foram mortos naquele
dia?
E eis, no fundo, a essência
disso tudo: uma elite “progressista” e arrogante despreza a democracia
verdadeira, pois despreza o povo, tido como ignorante demais para tomar
decisões importantes
Eis outra farsa que vem abaixo
com as imagens divulgadas por Carlson. Além de uma manifestante que morreu
baleada pela polícia, a única outra morte explorada pela imprensa como prova do
perigo da “insurreição” era a de um policial, que foi a óbito um dia após o
evento. Alegava-se, sem provas, que Brian Sicknick teria sofrido traumatismo,
ao apanhar com um extintor de incêndio durante a entrada forçada dos manifestantes.
Mas o mesmo policial aparece nas imagens depois, calmo, organizando o fluxo de
pessoas, usando seu capacete intacto.
Por suas ações, os policiais
no local claramente não interpretaram os manifestantes que estavam entrando no
Capitólio como um ataque à democracia norte-americana. Se os oficiais
entenderam isso como uma tentativa de derrubar o governo norte-americano, então
o Departamento de Polícia do Capitólio deveria ser destituído de vez por
incompetência ou mesmo cumplicidade. A covardia deles seria imperdoável e
incompatível com a missão em jogo.
As imagens mostradas por
Tucker Carlson são devastadoras para as narrativas midiáticas sobre aquele dia.
E a reação da mesma imprensa, agora que tudo veio à tona, é ainda pior e mais
suspeita: eles acusam o líder republicano de ter liberado essas imagens apenas
para Carlson, ou alegam que o apresentador da Fox News é partidário (como se
eles, na CNN e companhia, fossem imparciais e objetivos). É como se a
transparência com o público fosse prejudicial para a democracia!
E eis, no fundo, a essência
disso tudo: uma elite “progressista” e arrogante despreza a democracia
verdadeira, pois despreza o povo, tido como ignorante demais para tomar
decisões importantes. É por isso que caberia aos parlamentares do Comitê Seleto
observar e revelar suas conclusões, tomadas como verdade absoluta. É por isso
que caberia aos jornalistas da imprensa tecer análises e disparar julgamentos,
condenando Trump pelo “golpe”.
Se o povo analisar por conta
própria as imagens, ele poderá concluir que um bando de fanfarrões desarmados
não configura um movimento fascista ameaçador. Ele pode até mesmo acreditar que
arruaceiros fantasiados e escoltados pela própria polícia não passam de idiotas
sem qualquer perigo real para as instituições republicanas. Ele pode, cruzes!,
interpretar que a maior ameaça à democracia não veio daquela turba
descontrolada e exótica, mas, sim, do establishment, incluindo a mídia,
que insistiu por anos em narrativas furadas só para derrubar o presidente de
direita que não suportavam, mas foi eleito pelo povo.
Título e Texto: Rodrigo
Constantino, Revista Oeste, nº 155, 10-3-2023
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