quinta-feira, 2 de julho de 2015

A Corte Interamericana e a peregrinação

José Manuel

Existem dezenas de caminhos de peregrinação ao redor do planeta, porém, sem dúvida, um dos mais famosos é o caminho de Santiago de Compostela, na Galícia. Este caminho de peregrinação pode variar desde onde se queira iniciar, de apenas poucos dias, a semanas, meses e a sua distância, de meros cem quilômetros, podendo chegar a quatro mil quilômetros. Cada peregrino faz a sua escolha e os caminhos estão todos demarcados, desde o sul da Inglaterra, vários de Portugal, da Alemanha, França e até da cidade de Roma.

Eu, por exemplo, iria fazer o meu, partindo de Saint Jean Pied Port, na França, com uma distância de oitocentos quilômetros, em 2006, quando uma avalanche de pedras chamada Aerus, interrompeu abruptamente o meu destino.

Tive que reprogramar um novo caminho, que trilhei árdua e sofridamente até maio de 2015. A vida é assim, mas os ideais jamais devem ser abandonados e já estou me preparando para setembro, quando as pedras da avalanche forem removidas e eu possa trilhar de novo essa ideia interrompida.

As peregrinações se fazem, por um agradecimento e com um objetivo. A minha começou quando uma colega de voo, me deu uma imagem do Santo Tiago, ainda na década de 70, selando aí o meu destino. Iria a Santiago de Compostela agradecer pelos trinta e dois anos voados sem problemas e pela família querida que formei ao longo desses anos.

O objetivo é chegar à praça do Obradoiro, entrar na catedral e abraçar o santo Tiago pelas graças recebidas, assistindo a uma missa com o botafumeiro despejando sobre a nossa cabeça o fumo do incenso purificador espiritual.

Os oitocentos quilômetros que eu teria e que vou caminhar, são passos importantes de uma vida, pois são aqueles em que você está sozinho por dias, semanas ou meses a fio, conversa com Deus o tempo todo e faz a avaliação de toda uma vida. Os percalços do caminho são muitos, as pedras sem fim, as dores incomensuráveis mas a firmeza de propósito em alcançar o objetivo a que você se propôs, supera qualquer adversidade.

Assim é a nossa decisão em requerer à Corte Interamericana de Direitos Humanos, uma peregrinação, um objetivo e um agradecimento.

O objetivo é caminharmos até lá enfrentando o que for para chegarmos a uma instância oficial e reconhecida que nos redima de todas as atrocidades cometidas contra pessoas que apenas trabalharam e queriam viver em paz com as suas famílias. O objetivo é mostrar aos nossos algozes que o nosso viver não é só respirar o ar que é de graça e se alimentar inadequadamente.

Mostrar judicialmente a estas pessoas que o nababesco viver deles, o respirar conforto e prazeres de gula em restaurantes de luxo, as viagens incessantes ao exterior, o vestir sofisticado das grandes marcas e o carro importado na garagem, são infelizmente pagos com o nosso suor e que não podem continuar a perpetrar semelhante covardia contra seus semelhantes, encastelados em cargos públicos, que são do povo, são de todos, não deles.

O agradecimento será a nossa redenção, a nossa vitória, o nosso futuro. O fumo será o pranto aos nossos queridos que se foram.

Nosso caminho, a nossa peregrinação rumo ao objetivo a que nos propusemos, se iniciou agora neste 25 de junho de 2015, é longo, mas vamos fazê-lo com a certeza  de que conseguiremos, desde que saibamos afastar e nos desviar de todas as pedras e armadilhas que encontrarmos nesta trilha.

Chegar à Corte, abraçar a vitória e defumar os nossos espíritos, só depende de nós. Já contamos com mais de oitenta pessoas inscritas e o nosso objetivo, antes da próxima reunião com um advogado presente, é a de que tenhamos o número 100 em nossa agenda.

À época, 2006, eu tinha um caminho a percorrer.
Hoje eu tenho dois, e talvez um deles seja a minha missão nesta vida.
Título e Texto: José Manuel, de volta ao caminho, 2-7-2015

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