Economia portuguesa terá crescido 0,7% em
cadeia e 1,7% em termos homólogos, em ligeira aceleração face ao primeiro
trimestre de 2015, estima o núcleo de estudos da Católica.
João Cândido da Silva
“No segundo trimestre de 2014, a economia portuguesa terá crescido 0,7%
em cadeia e 1,7% em termos homólogos, em ligeira aceleração face ao trimestre
anterior (0,4% e 1,5%, respetivamente)”, segundo as estimativas do núcleo de
estudos de conjuntura da economia portuguesa (NECEP) da Universidade Católica.
Apesar de os dados serem positivos, o organismo avisa que “estes resultados, a
verificarem-se, podem estar influenciados por fenómenos estatísticos pontuais,
pelo que devem ser lidos com prudência”.
O NECEP assinala que existe uma “trajetória de recuperação”, com sinais
mais “consistentes” de retoma do investimento, e aponta que a “generalidade dos
indicadores de atividade económica é consistente com uma fase de recuperação
cíclica, embora as restrições estruturais possam limitar a intensidade e a
duração da recuperação”. O gabinete de
estudos da Católica estima, também, que no segundo trimestre do ano, a taxa de
desemprego terá descido para 12,8%.
Quanto ao crescimento médio da economia nacional durante 2015, o NECEP
decidiu fazer uma revisão em baixa das previsões, para 2,1%. “Esta nova
previsão tem em conta o bom comportamento de todas a componentes da procura,
com destaque para o investimento, o que permite manter a hipótese de ligeira
aceleração do crescimento ao longo da segunda metade do ano”, diz o NECEP que
alerta: “um bom desempenho a curto prazo pode resultar de alguma deterioração
da situação orçamental que costuma ser observada em Portugal em anos
eleitorais”.
Um aspeto que está a ajudar a economia portuguesa melhorar tem a ver com
“riscos” que se têm revelado “menos onerosos em termos de crescimento do que
inicialmente antecipado”. o NECEP identifica que “a crise do BES, ainda por
resolver, continua a não se notar nas estatísticas de atividade económica, o que permite antever que os seus
efeitos ocorram apenas a nível de stocks e não de fluxos”.
Sobre a previsão de crescimento do PIB (produto interno bruto) em 2016
foi revista para 2.0%. “Os riscos de 2016 dependem, acima de tudo, das
necessidades de ajustamento orçamental que possam surgir caso se venha a
verificar um défice superior aos 2.7% inscritos no Orçamento do Estado para
2015″. Mas os “desenvolvimentos da zona euro pesarão também nesta previsão”,
antecipando-se que “na ausência de surpresas adversas na frente orçamental, a
economia portuguesa deverá crescer alinhada ou ligeiramente acima da zona euro
no próximo ano”.
A crise na Grécia não deixa de ter lugar na análise efetuada pelos
economistas da Universidade Católica, mas os respetivos impactos são
relativizados. “A incerteza em torno da Grécia continua a pesar sobre os
mercados financeiros. Mas a ausência de impactos significativos no mercado de
capitais à realização do referendo e ao feriado bancário sugere que os
restantes países da zona euro não serão afetados de forma significativa no
curto prazo”.
A crise grega não é, no entanto, a única ameaça no horizonte. “As
atenções estarão voltadas para a política monetária” da Reserva Federal, banco
central dos Estados Unidos, com o início da subida das taxas de juro do dólar,
e para a acumulação de riscos nos mercados financeiros da China”. Estes riscos
poderão ter um “impacto relativamente pequeno e indireto na economia
portuguesa”, pelo menos num horizonte de 18 meses. Estes resultados, a
verificarem-se, “podem estar influenciados por fenómenos estatísticos pontuais,
pelo que devem ser lidos com prudência”.
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