Rodrigo Constantino
O pernicioso viés ideológico
da mídia mainstream não vem
necessariamente em forma de Fake News,
ainda que elas também sejam produzidas em grande quantidade pela imprensa. O
principal problema é mesmo o uso de eufemismos, a deturpação de conceitos e as
malandragens sutis que estampam as diversas chamadas e ajudam a moldar a
opinião pública.
Quando grupos de esquerda
invadem propriedades privadas ou estudantes socialistas invadem reitorias, por
exemplo, os jornalistas falam em “ocupação”. Mas se um grupo de direita entra
no Congresso para protestar, aí muda para invasão. Quando um terrorista
islâmico comete novo atentado, o sujeito costuma ficar oculto e objetos
inanimados, como armas ou caminhões, ganham vida e volição. E por aí vai.
Esse truque é o mais comum e
tem feito grande estrago no debate ao longo das últimas décadas. Quando havia
só a mídia, sem as redes sociais, não havia uma visão alternativa, e muitos
caíam na estratégia desses jornalistas, repetindo sem se dar conta as
narrativas esquerdistas. Não mais! A imprensa continua tentando, claro, mas
agora há reação, e vemos nas redes sociais várias pessoas apontando para o
malabarismo inaceitável desses veículos de comunicação.
O caso mais recente foi o novo
ataque do Hamas a Israel. Os terroristas palestinos não vão descansar enquanto
Israel não for “varrido do mapa”, destruído. Se isso ainda não aconteceu é por
causa da superioridade tecnológica de Israel, que sabe se defender como poucos.
Mas a mídia insiste em chamar os terroristas de “ativistas”, o que é um ultraje
aos leitores inteligentes.
Vejam a chamada do Estadão:
André Lajst comentou sobre a
reportagem: “De acordo com o Estado de São Paulo, terroristas do Hamas, grupo
racista radical islâmico que prega a destruição total de Israel e a morte dos
judeus, são ‘ativistas’. Daqui a pouco assaltantes serão ‘desfavorecidos’,
estupradores serão ‘sujeito sexualmente desorientado’ e assassinos serão
‘pessoas com índice elevado de violência’.
Enquanto a mídia não usar as
palavras que identificam criminosos como eles realmente são, o mundo continuará
a criar sociedades polarizadas e se afastará cada vez mais da coexistência que
eles mesmos dizem defender”.
Ele está certíssimo. Qual o
sentido de usar palavras tão mais suaves e inadequadas para se referir a grupos
criminosos e terroristas? A quem interessa deturpar tanto os conceitos assim? É
medo de ser acusado de “islamofobia”? É covardia ou é simpatia ideológica?
Ao chamar de ativistas
terroristas que lançam mísseis em crianças para deliberadamente matá-las, como
devemos chamar grupos efetivamente ativistas que fazem protestos pacíficos em
nome de uma causa qualquer? As “damas de banco” cubanas são ativistas, e o
Hamas também? Vejam a imagem no exato momento em que Israel consegue se
defender de um ataque dos “ativistas”:
Fica claro que só o desejo de confundir explica a troca dos termos. É lamentável que o Estadão se preste a isso. Essa mídia que insiste em chamar os terroristas do Hamas de “ativistas” presta um desserviço à verdade. Uma das poucas exceções, justiça seja feita, é a Gazeta do Povo, que chama as coisas por seus nomes, como podemos ver nesse texto publicado em maio deste ano:
A imprensa tem a obrigação moral de ajudar a esclarecer na busca pela verdade. É triste que boa parte dela faça justamente o contrário: ajude a confundir e enganar. Chamar terroristas de “ativistas” não é ser bonzinho ou tolerante, e sim mentiroso e cúmplice dos terroristas. Chamar as coisas por seus nomes verdadeiros é o primeiro passo para um debate sério e o esclarecimento dos fatos. Espero que a imprensa reveja sua tática, pois não é mais possível, no mundo de hoje, enganar todos o tempo todo.
Título, Imagens e Texto: Rodrigo Constantino, Gazeta do Povo, 10-8-2018
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