O empresário tornou-se alvo da CPI da Covid apenas por ser admirador eloquente de Jair Bolsonaro
J. R. Guzzo
De depravação em depravação, num surto extremado e contínuo de agressões às normas mais elementares da atividade parlamentar, o relator e o presidente da CPI da Covid, mais o grupo de senadores que agem a seu serviço, construíram nos últimos meses um desastre — um insulto, na verdade, à população brasileira que paga seus salários e privilégios, e o mais deprimente episódio de desmoralização da história recente do Senado Federal.
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Foto: Mateus Bonomi/Agência de Fotografia/Estadão Conteúdo |
Como esperar qualquer
seriedade da ação política no Brasil depois da exibição pública, repetida e
cada vez mais grosseira de atos de banditismo — contra as testemunhas, contra
os inimigos e principalmente contra os fatos — por parte dos responsáveis pela
CPI? Pior: esses acessos de delinquência serial foram praticados com o objetivo
específico de atacar o governo diante da mídia. Tiveram o apoio militante da
maioria dos veículos de comunicação. A CPI foi montada para agredir o
presidente da República e seu governo — e se alguma coisa é “contra o
Bolsonaro”, o apoio dos jornalistas é automático e absoluto, sem questionamento
algum.
Pensava-se, já há tempo, que a CPI do senador do Amazonas e do senador de Alagoas, mais seus coadjuvantes, tinha chegado ao fundo do poço em matéria de sordidez explícita. Mas os fatos mostram que o fundo do poço, quando se trata desta abjeção, ainda é muito mais embaixo — e só deve ser atingido, mesmo, quando a CPI fizer sua última sessão. É como diz o velho provérbio: não há limite para o pior.
A mais recente demonstração dessa
realidade foi o “depoimento”, como disseram, do empresário Luciano Hang,
presidente do Grupo Havan — na verdade, uma sequência de agressões pessoais,
violentas e sem cabimento algum contra ele. Sabe-se muito bem de onde vem todo
esse ódio: Hang é um admirador eloquente de Jair Bolsonaro e isso, para a CPI,
é o pior crime que alguém pode cometer no Brasil de hoje.
O episódio, um concentrado de
baixaria, falsidade e jogo sujo que fez a ministra Damares Alves sugerir o
banimento das transmissões da CPI para depois do horário apropriado ao público
infantil, não relevou um átomo sequer de alguma conduta errada por parte do
empresário. E nem era mesmo para apurar nada — a intenção dos gestores da CPI,
do começo ao fim, foi chamar uma vítima para malhar na frente da mídia. Vai ser
este, exatamente, o resultado do depoimento em termos de valor legal ou
jurídico: três vezes zero. Os senadores fizeram mais um desfile de fantasias.
Os jornalistas bateram palmas. Na vida real não vai acontecer nada.
Título e Texto: J. R. Guzzo,
Gazeta do Povo, 30-9-2021, via revista OESTE
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