Por mesquinharia, o senador se recusa a pôr em votação o nome indicado pelo presidente da República para ocupar o cargo vago no STF
J. R. Guzzo
O senador Davi Alcolumbre, do
Amapá, é um desastre.
Foto: Fátima Meira |
Foi eleito para o seu cargo, onde tem igualdade com qualquer outro colega, com um punhado miserável de votos — não conseguiria ser prefeito de Londrina, com a votação que teve.
Seu suplente, que ficará em
seu lugar caso ele seja cassado ou renuncie, é pior ainda: é seu irmão, e não
teve um único voto. Isso mesmo: nenhum. Suplente, no Brasil, não precisa
ser eleito por ninguém.
Há meses o senador Alcolumbre
se comporta com um arruaceiro. Por rancor, mesquinharia e interesses pessoais
contrariados, recusa-se a pôr em votação no plenário, como presidente da
Comissão de Justiça, o nome indicado pelo presidente da República para ocupar o
cargo que está vago no Supremo Tribunal Federal. Não há precedentes, no Senado,
de prevaricação grosseira como essa.
Para completar, o senador acaba de ser acusado de comandar uma “rachadinha” gigante, uma das piores de que se tem notícia — funcionárias de seu gabinete, para as quais você paga salários de R$ 14 mil por mês com os seus impostos, recebem, na verdade, pouco mais de R$ 1 mil. O resto — bem, imagine-se para onde está indo o resto.
Alcolumbre é uma prova da
falência terminal das instituições democráticas no Brasil. Como falar em
“democracia” e “Estado de direito”, se os sistemas político, legal e eleitoral
do país produzem calamidades como ele — uma nulidade que frauda seu mandato,
insulta o público e paralisa o país, na cara de todo mundo?
O presidente do Senado,
Rodrigo Pacheco — que quer, imaginem só, ser presidente da República — e seus
colegas senadores, não se mostram, neste episódio de sabotagem, melhores que
Alcolumbre. Permitem, com um show inédito de conformismo e de pusilanimidade
explícita, que ele se recuse flagrantemente a cumprir seu dever legal; dizem
que não querem “interferir”.
Um país montado desse jeito,
onde os Alcolumbres e os Pachecos mandam, e todos os demais pagam, não pode dar
certo.
Título e Texto: J. R. Guzzo,
Gazeta
do Povo, via revista OESTE, 4-11-2021, 18h
CCJ de Alcolumbre tem pior produtividade desde 2016
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