O presidente ucraniano anunciou a proibição da atividade de onze partidos da oposição. Publicamos aqui a reação de repúdio por parte do Sotsialnyi Rukh (Movimento Social).
Compreendemos claramente que
pelo menos alguns membros destes partidos, e em especial as suas lideranças:
- minimizaram o perigo das
ambições chauvinistas russas e limitaram-se a justificar a agressão, se é que
não trabalharam mesmo diretamente com o Kremlin;
- desviaram a frustração
popular causada pelas políticas neoliberais dos governos para um combate à
imagem caricatural do "Ocidente" a destruir a "civilização
eslava";
- propagaram a xenofobia, antissemitismo,
homofobia e ódio.
Assim, mesmo aqueles que
utilizam, mas de facto sequestram, a fraseologia de esquerda, na verdade apenas
serviram o consenso oligárquico.
No entanto, qualquer possível cooperação das organizações acima mencionadas, bem como dos seus membros individuais, com os imperialistas russos tem de ser investigada e depois julgada em tribunal. As pessoas concretas envolvidas na sabotagem da resistência popular têm de assumir a responsabilidade individual pelas suas ações. Reconhecemos a importância e o simbolismo das liberdades democráticas e acreditamos que as proibições partidárias indiscriminadas não têm lugar na luta de hoje.
Já tínhamos verificado como o
governo tentou abusar da situação de guerra para atacar os direitos laborais
dos trabalhadores ucranianos, agora as suas ações destinam-se a limitar as
liberdades políticas e civis. Não podemos apoiar isto.
Além disso, gostaríamos de
alertar contra quaisquer tentativas de estigmatizar a esquerda e os movimentos
sociais em geral pela ligação absurda da agenda progressista ao Kremlin, quando
na realidade este encarna tudo o que lhe é contrário. A esquerda e os ativistas
sindicais lutam hoje contra o agressor como membros da força militar e da
defesa territorial, como voluntários envolvidos no fornecimento de equipamento,
alimentos e material médico, evacuação e alojamento dos refugiados e
deslocados, como grupos que constroem a solidariedade internacional e exigem a
anulação da dívida externa, confiscam os bens do Estado russo, e deixam de
tolerar os offshores.
Só podemos valorizar os muitos
movimentos de esquerda em todo o mundo que já manifestaram o seu apoio,
reconheceram o direito da Ucrânia à autodefesa e continuam a pressionar os seus
governos para que tomem medidas concretas.
O povo da Ucrânia, e não os
capitalistas que sempre o usaram para extrair riqueza e guardá-la no
estrangeiro, está hoje a sofrer imensas privações, e merece um amanhã mais
justo. O socialismo é a melhor forma de trazer mais justiça à nossa sociedade e
de atingir objetivos comuns. É isso que nós, Sotsialnyi Rukh [Movimento
Social], defendemos.
Declaração publicada
pela Campanha de Solidariedade com a Ucrânia. Traduzido por Luís
Branco para o Esquerda.net. 20-3-2022, 21h36
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