segunda-feira, 21 de março de 2022

Zelensky proíbe partidos da oposição: Declaração do Movimento Social

O presidente ucraniano anunciou a proibição da atividade de onze partidos da oposição. Publicamos aqui a reação de repúdio por parte do Sotsialnyi Rukh (Movimento Social).


Recentemente, o Conselho Nacional de Defesa e Segurança decidiu pela suspensão temporária das atividades de vários partidos políticos ucranianos. A lista inclui tanto os principais partidos da oposição como os menos conhecidos que utilizam as palavras "progressista", "esquerda" ou "socialista" nos seus nomes. O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, acusou-os de "ligações com a Rússia", sem justificar essas acusações com qualquer fundamentação legal.

Compreendemos claramente que pelo menos alguns membros destes partidos, e em especial as suas lideranças:

- minimizaram o perigo das ambições chauvinistas russas e limitaram-se a justificar a agressão, se é que não trabalharam mesmo diretamente com o Kremlin;

- desviaram a frustração popular causada pelas políticas neoliberais dos governos para um combate à imagem caricatural do "Ocidente" a destruir a "civilização eslava";

- propagaram a xenofobia, antissemitismo, homofobia e ódio.

Assim, mesmo aqueles que utilizam, mas de facto sequestram, a fraseologia de esquerda, na verdade apenas serviram o consenso oligárquico.

No entanto, qualquer possível cooperação das organizações acima mencionadas, bem como dos seus membros individuais, com os imperialistas russos tem de ser investigada e depois julgada em tribunal. As pessoas concretas envolvidas na sabotagem da resistência popular têm de assumir a responsabilidade individual pelas suas ações. Reconhecemos a importância e o simbolismo das liberdades democráticas e acreditamos que as proibições partidárias indiscriminadas não têm lugar na luta de hoje.

Já tínhamos verificado como o governo tentou abusar da situação de guerra para atacar os direitos laborais dos trabalhadores ucranianos, agora as suas ações destinam-se a limitar as liberdades políticas e civis. Não podemos apoiar isto.

Além disso, gostaríamos de alertar contra quaisquer tentativas de estigmatizar a esquerda e os movimentos sociais em geral pela ligação absurda da agenda progressista ao Kremlin, quando na realidade este encarna tudo o que lhe é contrário. A esquerda e os ativistas sindicais lutam hoje contra o agressor como membros da força militar e da defesa territorial, como voluntários envolvidos no fornecimento de equipamento, alimentos e material médico, evacuação e alojamento dos refugiados e deslocados, como grupos que constroem a solidariedade internacional e exigem a anulação da dívida externa, confiscam os bens do Estado russo, e deixam de tolerar os offshores.

Só podemos valorizar os muitos movimentos de esquerda em todo o mundo que já manifestaram o seu apoio, reconheceram o direito da Ucrânia à autodefesa e continuam a pressionar os seus governos para que tomem medidas concretas.

O povo da Ucrânia, e não os capitalistas que sempre o usaram para extrair riqueza e guardá-la no estrangeiro, está hoje a sofrer imensas privações, e merece um amanhã mais justo. O socialismo é a melhor forma de trazer mais justiça à nossa sociedade e de atingir objetivos comuns. É isso que nós, Sotsialnyi Rukh [Movimento Social], defendemos.

Declaração publicada pela Campanha de Solidariedade com a Ucrânia. Traduzido por Luís Branco para o Esquerda.net. 20-3-2022, 21h36

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