Cristina Miranda
Não sou entendida em guerras e
por isso não estava nos meus planos escrever sobre a invasão da Rússia à
Ucrânia. Mas a irracionalidade de alguns fundamentalistas à direita,
não me deixou alternativa em defesa dos meus princípios e valores, depois de me
dirigirem violentos ataques nas redes, numa tentativa de linchamento de
carácter que não admito.
Foi com estupefacção que
constatei que o radicalismo de opinião e assédio público por divergências na
forma como olhamos para o mesmo tema, é tão violento à esquerda como na ala
direita: usam o mesmo estratagema de rebaixar intelectualmente o interlocutor;
usam o mesmo vocabulário de rotulagem com adjectivos abjectos; a mesma
violência verbal sem qualquer pudor; a mesma intolerância por pontos de vista
divergentes; a mesma imposição de pensamento único.
É muito triste constatar que
algumas pessoas tratam este assunto como se estivéssemos a falar de futebol:
todos a justificar fanaticamente o seu clube independentemente das trapalhadas
em que estejam ou estiveram metidos. Ou a comparar com violência doméstica e
assaltos a habitações. Surreal.
A GUERRA, seja ela contra
quem for, seja ela iniciada por quem for, é e será sempre algo muito mais
complexo de explicar e resolver que questões domésticas ou de clubes. Entrar
por aí não faz qualquer sentido.
As diferenças começam nas
vítimas: uma guerra entre países faz uma quantidade insana de vítimas de AMBAS
as partes e de outras pelo Mundo fora. Ainda, e porque hoje a globalização (conceito
económico) ligou-nos a todo o planeta tornando-nos, nalguns casos, totalmente
dependentes dos outros países, a catástrofe é muito maior. Por fim, o
perigo do nuclear que pode reduzir-nos a cinzas, não ficando pedra
sobre pedra. Numa invasão à sua habitação tem estas consequências? Obviamente
que não.
Por isso, as guerras devem ser
evitadas. Todos os inimigos, “neutralizados” como tão bem soube fazer
Trump, com muito jogo diplomático, psicológico e demonstração de uma
forte liderança. Mas a acontecer, muita frieza, estratégia
inteligente sobre as vulnerabilidades do inimigo e grande capacidade de diálogo
e negociação. Algo que só líderes fortes sabem gerir como
ninguém em defesa de seu povo e do mundo.
Comparar as guerras de HOJE com Churchill na Segunda Grande Guerra, é de uma irresponsabilidade medonha. Já não “ganhamos” guerras com arcos e flechas, pistolas, metralhadoras, canhões ou bombas convencionais. Estamos na era NUCLEAR e QUÍMICA. E foram os EUA que marcaram essa nova era com o lançamento das bombas nucleares sobre Hiroshima e Nagasaki. Vão me dizer que essa chacina que pôs fim à guerra, foi uma vitória?
Nunca o mundo esteve tão bem
organizado para EVITAR conflitos ao criar inúmeros organismos para
manter a paz mundial, alimentados com biliões de dólares. Não há
desculpas para a inércia aparente destes grupos que assobiam para o lado ao
invés de intermediarem o conflito. A quem interessa o eclodir e posterior
prolongamento desta guerra? Só daqui a uns anos, infelizmente,
saberemos o que se passou nos bastidores desta guerra na Ucrânia. Até lá,
vão vender biliões em armamento, vão mandar mercenários de todo o género para a
frente de combate junto com os batalhões nazis, vão fazer umas sanções
cirúrgicas enquanto observam, do alto dos seus camarotes, o “teatro a arder”.
Porque na verdade, não convém bulir muito com o Putin, aquele com que
TODOS os países fizeram e fazem negócios, mais ou menos transparentes, e que
ninguém censurou até ao presente.
Fique claro que não apoio
quaisquer “putins” deste mundo nem invasões. Sou incondicionalmente
solidária com o povo ucraniano invadido para quem vão as minhas preces. E não
fiquei indiferente aos pedidos de ajuda tendo o meu filho entregue na escola um
modesto contributo nosso de roupa quente (mesmo sabendo que esta ajuda poderá
nunca chegar a quem dela precisa).
Assim que se deu a invasão,
procurei falar com colegas com ligações familiares à Ucrânia para saber
o que pensavam disto tudo. E a mensagem foi clara: “Cristina, queremos
que este conflito ACABE. Queremos que o presidente tudo faça para que acabe. Eu
sei que nem tudo é branco e preto. Há culpas de ambos os lados. Não quero
inocentes civis a pagarem o preço. A Ucrânia era o 3º pais mais corrupto da
Europa. Votaram neste presidente como última esperança mas ele também não
conseguiu e um dos seus conselheiros foi apanhado a vender cargos públicos em
dinheiro vivo. Outra das suas bandeiras era acabar com a guerra a leste e
viu-se no que deu. Agora posso dizer que não é dos piores que lá passou”.
Ninguém com isto está a dizer
que o presidente não fez bem em reagir à invasão. É claro que o primeiro
instinto é a defesa das suas fronteiras. Não podia ser de outra forma. Não
sou globalista –
conceito político (só apoio a globalização – conceito económico). Porém não
deixa de ser irónico verificar que agora as ELITES globalistas são defensoras
acérrimas dos ultra-nacionalistas que defendem as suas fronteiras. Um caso de
estudo ou melhor, um caso para desconfiar sobre a verdadeira
razão deste apoio.
Não é porque questiono a
seriedade da comunicação social – que criou conteúdos falsos com videojogos nas
suas reportagens sobre Ucrânia, usou imagens de outros anos para criar
notícias, e deturpou factos -, ou por contextualizar o conflito mostrando
reportagens que o abordam em diversos ângulos, nem por dar voz a TODOS os
comentadores com experiência em conflitos de guerra ou especialistas em
assuntos sobre a Rússia , que significa que estou ao lado de PUTIN, e nem tão
pouco por apelar ao entendimento, significa NEUTRALIDADE. Não há neutralidade
quando estamos de corpo e alma com as vítimas da Ucrânia. Só gente desonesta
intelectualmente pode afirmar tal. Lamento.
Infelizmente os novos
fundamentalistas julgam que este conflito é um videojogo e por isso gritam por
bombas em cima da Rússia sem dó nem piedade. Isto não é solidariedade à
Ucrânia. É apelo ao genocídio.
Estar do lado certo da
História é acima de tudo estar do lado do sofrimento e exigir do lado
de quem tem poder, uma resolução inteligente do conflito. Um louco não se
neutraliza com mais loucura.
Eu não vou deixar de
mostrar todo o conflito sob todos os ângulos só porque você entende
que só podemos falar a uma só voz. E vou continuar a questionar tudo o que
merece reflexão. Gostem ou não. Sou assim desde sempre, aqui no Blasfémias,
sobre qualquer tema.
Por isso, pergunto a quem
souber responder:
1. Por que razão, a comunicação social, que deveria ser fiel na descrição dos factos, inventou conteúdos falsos: aqui, aqui, aqui, aqui
Afirmou que Zelenski está a lutar junto dos combatentes mas mostram imagens de 2021:
Sobre essas fake news, deixo
uma pesquisa do jornalista Daniel Funke que transcrevo na íntegra:
“First: this image was passed
off as a Russian attack in Ukraine. False: it is a 2021 attack on Gaza https://eu.usatoday.com/…/fact-check-gaza…/6922317001/
Second. This video passed off
as a Russian airstrike on Ukraine actually shows Russian planes over Moscow
during a test flyover before a national holiday in 2020, unrelated to the
recent invasion. https://eu.usatoday.com/…/fact-check-video…/6922740001/
Third. This footage shows
Ukrainian police dropping riot gear in Odessa, too bad it’s from 2014 https://eu.usatoday.com/…/fact-check-video…/6906796001/
Fourth. Earlier this week,
thousands of social media users falsely claimed that this video showed the war
between Russia and Ukraine, but it is a video of the video game “Weapon
3” https://eu.usatoday.com/…/fact-check-arma-3…/6879521001/
Fifth. This leaked video does
not show a recent explosion in Ukraine. The clip was published on TikTok in
January.
https://eu.usatoday.com/…/fact-check-viral…/6923330001/
Sixth. This photo actually
shows Ukrainians praying, but it has been running since 2019 AT LEAST https://eu.usatoday.com/…/fact-check…/6871441001/
Seventh. This photo does not
show a Russian plane shot down by Ukraine. It was taken in August 2015 during
an air show celebrating Russian National Flag Day. https://eu.usatoday.com/…/fact-check…/6926889001/
Eighth. This footage of a
plane crash is unrelated to the invasion of Ukraine. The video shows a Libyan
fighter jet shot down over Benghazi in 2011. https://eu.usatoday.com/…/fact-check…/6923966001/
Ninth. This video does not
show an explosion in Ukraine. It shows one of a series of explosions that
occurred in China in August 2015 https://eu.usatoday.com/…/fact-check-video…/6922882001/
Tenth. This image does not
show a Russian plane on fire in Ukraine. It shows a pilot being ejected from a
burning plane during a 1993 air show in Fairford, England. https://eu.usatoday.com/…/fact-check-photo…/6929314001/
Eleventh. This TikTok video
has more than 1.5 million views on Facebook. But it doesn’t show Russian
soldiers parachuting into Ukraine: the clip was posted on Instagram in
2015.” https://eu.usatoday.com/…/fact-check-tiktok…/6937733001
2. Porque o
Facebook é agora tolerante à incitação
ao ódio e violência sobre os russos e Putin mas nunca o foi
declaradamente sobre Daesh ou jihadistas nessa rede.
3. Por que razão
Rothchild (publicação entretanto eliminada) e Soros ,
da elite globalista que comanda o Mundo, fizeram declaração pública de apoio
à Ucrânia ultra NACIONALISTA na defesa das suas fronteiras.
4. Por que razão a
comunicação social se apressou a dizer que não
havia laboratórios de patogénicos perigosos na Ucrânia e OMS agora pede que os
protejam. Veja também aqui.
5. Por que razão a comunicação social que apelava todos os dias ao perigo da extrema direita em Portugal e na Europa – associando falsamente o CHEGA a essa ideologia -, ignoram os batalhões nazis ultra-nacionalistas que foram integrados nas forças armadas da Ucrânia e no Corpo Nacional – sob a supervisão do Ministro do Interior -, ao lado da Polícia Nacional -, por Zelenski.
6. Porque a
comunicação social censura as vozes (apartidárias) dos comentadores que
desalinham da narrativa oficial, fazendo-os “desaparecer” do ecrã, mas mantêm
em horário nobre os comentadores do PCP e BE e outros pseudo intelectuais da
esquerda.
7. Porque foram
CENSURADOS/bloqueados outros meios de comunicação social, alegando propaganda e
informação falsa e não se fez o mesmo com os outros media que divulgam
e continuam a divulgar desinformação mais do que comprovada, apanhados a
mentir e criar conteúdos falsos. É por mentirem “menos”? Como se mede isso?
8. Porque nos
querem todos a uma só voz, com censura e sem contraditório à narrativa oficial
se dizem falar a verdade? De que têm medo? Isto é uma democracia PLENA?
9. Porque a EUROPA,
EUA ou ONU não se apressaram a mediar o conflito para o tentar sanar ao invés
de serem meros espectadores enquanto o alimentam.
10. Se a Ucrânia
está a ganhar a guerra como afirmam os media do mainstream não censurados,
porque aceita agora negociar ou apelam a ajuda internacional. Mais uma mentira?
11. Se ambos os
lados da guerra têm propaganda porque só se dá visibilidade e credibilidade a
uma das partes. Porque não deixam que seja a população a fazer a sua própria
opinião a partir de toda a informação recebida. Filtram para quê?
12. Há ou não ataques sobre civis do batalhão
ultra nazi AZOV e outros – tal como os houve durante 8 anos – neste conflito,
como reportam alguns freelances e jornalistas? Aqui, aqui, aqui e aqui
A verdade escondida está,
parte dela, numas declarações de Biden congressista, há uns anos, e que agora
Presidente, finge-se de “morto”. Veja aqui.
Resumindo a administração
Biden/Obama: primeiro alerta-se para as consequências de uma adesão à Nato da
Ucrânia; depois pica-se a Ucrânia para fazer parte da Nato a todo os custo e
por fim, depois do conflito eclodir, diz-se que não será parte da Nato e
finge-se que se é alheio ao problema. Que nome se dá a isto? O que andam estes
indivíduos a fazer? O que nos escondem?
Líderes fracos e burros abrem
portas aos loucos. Trump explicou-o melhor que ninguém. Veja aqui.
A desinformação é de tal
dimensão que nunca podemos olhar só num sentido e achar que sabemos o que se
passa. Não sabemos. A única certeza é de uma invasão; do êxodo da população;
das crianças e mulheres separadas dos maridos; dos bombardeamentos sobre civis;
das mortes de civis inocentes; da ajuda humanitária vinda de todo o lado; do
sofrimento de quem deixa uma vida para trás. O resto, só quem está nos
bastidores da guerra tem acesso à informação toda. Mas essa, não chegará até
nós – pelo menos por enquanto – porque os media generalistas (comprados pelos
seus governos) servem os seus amos. Não a população.
Título e Texto: Cristina
Miranda, Blasfémias,
21-3-2022
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