Cristina Miranda
Confesso que já não tenho
paciência para os discursos “bonitos” de homenagem ao 25 de Abril como se ele
tivesse acabado de acontecer e não soubéssemos ainda o que nos esperava. Foram
44 anos de mentira, de falsa sensação de liberdade, só porque agora podemos
dizer quase tudo o que pensamos sem ir preso. Por enquanto.
E a prova está na abstenção,
que a seguir à revolução foi quase nula, no ano seguinte passou para 16,5%, e a
partir de 1983 disparou para 44%. A fraude não tardou a manifestar-se.
Hoje temos a terceira
maior dívida do Mundo, o segundo
maior défice da Europa, o país mais
corrupto da média europeia, e estamos no ranking com a maior
carga fiscal.
Esta é a “bela liberdade”
que ganhamos: o aprisionamento financeiro – por dívida e corrupção – que nos
empobrece e impede de ter vida condigna.
O país não mudou com a
Revolução dos Cravos. Quando cheguei a Portugal em 1978, e até assinarmos o contrato
de adesão à CEE, em 1885, o nosso país não tinha dado um passo ainda na mudança
que hoje conhecemos. Muito pelo contrário. Nacionalizações mataram a economia,
e já tínhamos no currículo duas bancarrotas até 1983!! Se temos vias de
comunicação excelentes, melhor habitação, melhores escolas, melhores hospitais,
melhor formação, melhor mercado de trabalho, entre outros, devemos à tão
demonizada UE que ainda não parou de canalizar fundos (grande burra!), para
encherem inclusive muita conta bancária de oportunistas. Se parecemos um
país desenvolvido, hoje, é por mérito dessa Europa e não nosso.
Porque se esse dinheiro nunca
cá tivesse chegado, estaríamos mais atrasados em todos os segmentos do que
durante o Estado Novo, devido à nossa constante incapacidade de nos governar,
gastando mais do que a coleta em impostos, para servir interesses particulares
gigantescos, só com os milhões de fundos da UE para nos salvar as contas.
Estaríamos a imprimir
desenfreadamente moeda para nos manter à tona, fazendo disparar a inflação e a desvalorização
do escudo, com todas as consequências que daí adviriam, elevando brutalmente o
custo de vida e a pobreza. Ou seja, seríamos um “Paraíso venezuelano” sem
petróleo.
Não somos livres, não senhor. Somos escravos modernos prisioneiros a escassos rendimentos, “dopados” por uma propaganda eleitoralista constante, para enganar incautos. Quando vejo as esquerdas encherem a boca com a palavra “Liberdade” a torto e a direito dá-me náuseas. E quando ainda por cima vejo liberais a festejar ao lado deles, fico doente.
A “liberdade” que a
esquerda festeja é exatamente aquela que os que prezam a VERDADEIRA LIBERDADE,
abominam.
Como podem dar as mãos se não estão a celebrar o mesmo?
A “liberdade” que a esquerda defende hoje é igual à que defenderam no passado: um Estado totalitário que concentra em si toda a economia e serviços, inclusivamente os meios de comunicação; que regula e limita todas as liberdades individuais e coletivas. Regimes cujos “sucesso” conhecemos bem através da Alemanha Oriental (República Democrática Alemã), da Coreia do Norte, Cuba, Venezuela e União Soviética.
José Eduardo dos Santos, então presidente de Angola, em visita a Berlim Oriental |
É aquela “liberdade” que os
faz tapar estátuas ou mudar os nomes às praças ou jardins para limpar a História,
ou atirar ovos em pleno festejo do dia da liberdade aos opositores. É a
“liberdade” de dizer explicitamente que só fizeram uma aliança com o “diabo”
para impedir a direita de governar (mas que democráticos!), demonstrando
intolerância por todos os que não partilham a mesma cartilha.
É a “liberdade” de quererem controlar as redes sociais que consideram um “perigo para a democracia”.
Augusto Santos Silva, foto: Paulo Spranger/EPA |
É a liberdade de Soros, esse
multimilionário sádico que quer impor uma nova ordem mundial totalitária – a
partir do caos causado pela desconstrução da sociedade – e em cuja plataforma
não se importam de figurar como aliados dessa nova ordem. Veja aqui
na Plataforma de George Soros os portugueses aliados, entre eles Marisa Matias,
Liliana Rodrigues, Ana Gomes, João Ferreira.
É a “liberdade” jornalística “independente” como o “É Apenas Fumaça” – um jornal marxista – financiado com oitenta mil euros pela Fundação George Soros. (outra vez). Que bonito! Estou até “emocionada” com esta “liberdade” ditatorial que apregoam.
Neste dia, perdoem-me a
franqueza, o que esperava ver no Parlamento era um discurso arrebatador,
verdadeiramente sentido, com muita revolta, a abanar com toda a estrutura
política. Alguém que olhasse nos olhos de todos os deputados presentes e
dissesse em nome de todos nós, cidadãos defraudados: “Basta, meus caros
deputados! Basta!”.
Alguém que rasgasse o
politicamente correto e tirasse as unhas para fora apontando sem dó nem
piedade, um a um, os pecados cometidos em 44 anos pela classe política que
suprimiram a liberdade conquistada, não o contrário. Porque é disso que se
trata: roubo de liberdades aos cidadãos e não ganhos.
Mas isso, sou eu, que sou do
povo e nunca tive vida fácil. Que tive de trabalhar arduamente cada cêntimo
ganho. Que desde os 17 anos passei por vários governos e sei quanto custa a
vida, governada por mentirosos. Que contei tostões. Que tive mais de um emprego
em simultâneo para poder chegar ao fim do mês.
Que tive muitos fracassos e
vitórias à minha conta, por isso conheço o terreno como ninguém. Que possuo uma
carreira profissional extensa, carregada de experiências ricas em aprendizagem,
feita de escaladas difíceis, sem apoios. Que conheço o SNS (Serviço Nacional de
Saúde) e sei que só serve para curar gripes, porque se for urgente e não houver
umas economias no bolso para ir ao privado, morre-se na lista de espera.
Que sei que as escolas públicas
estupidificam mais do que ensinam, e se não são piores é porque temos
profissionais maravilhosos que contrariam as estatísticas, e se entregam de
forma altruísta.
Porque é preciso nascer,
crescer e trabalhar neste país desde cedo, no meio do povo, para saber
realmente o que ele é ou não é e do que precisa.
Os outros são parte do
sistema, que viveram sempre confortavelmente, e que rosnam mas não abocanham
com medo de perder o lugar ao sol. Não sentiram a perda da liberdade. Nem sabem
sequer do que falo. Por isso vão continua a festejá-lo como no primeiro dia,
alheios ao roubo da liberdade pelas esquerdas.
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