Paulo Hasse Paixão
A reportagem da imprensa corporativa sobre
os sucessivos escândalos da família Biden tem todas as marcas de uma agência de
propaganda ao serviço de um regime totalitário.
Na semana passada, os
republicanos que detêm a maioria na Câmara dos Representantes dos EUA divulgaram um
relatório que documenta as provas do que parece ser um enorme esquema
internacional de corrupção gerido pela família Biden, que, de acordo com os
registos bancários, recebeu cerca de 10 milhões de dólares enquanto Joe Biden
era vice-presidente – sem fornecer bens ou serviços discerníveis aos interesses
estrangeiros que lhes pagaram.
Mas a imprensa corporativa
ocidental, começando, claro, pelos meios de comunicação social americanos,
ignoraram essencialmente o escândalo. Alguns não fizeram qualquer reportagem
sobre o assunto. Outros distorceram-no para favorecer os Biden, numa manobra
acrobata só acessível a grandes artistas de circo.
De acordo com Jonathan Turley, o Professor de Direito Público na Universidade de Washington e frequente testemunha perante o Congresso americano sobre questões legais, tendo até representado a Câmara em tribunais nativos e internacionais, a cobertura dos escândalos da família Biden é pior que aquela que o infame Walter Duranty reportou para o New York Times sobre o regime estalinista. Como apologista de Estaline, Duranty recusou-se a denunciar a grande fome do Holodomor, um período de escassez de tudo na Ucrânia Soviética que causou a morte de milhões de ucranianos entre 1932 e 33. Em vez disso, redigiu uma notícia, para sua eterna infâmia, com esta manchete: “Russos com fome, mas não famintos”.
Pior ainda: o seu trabalho de
correspondente em Moscovo, extremamente comprometido com o regime soviético,
valeu-lhe o prémio Pulitzer.
Num artigo sobre a
contemporânea falência ética da imprensa mainstream, Turley
escreve:
“Assistimos hoje a um
fenómeno muito mais perigoso que o de Duranty. A cobertura das alegações de corrupção
que recaem sobre os Biden tem todas as marcas dos meios de comunicação
corporativos. O spin consistente. A falta quase universal de pormenores. As
distinções absurdas. É a lacuna da nossa Primeira Emenda, que trata do uso
clássico da autoridade do Estado para coagir e controlar os media, mas não
aborda a circunstância em que a maioria dos meios de comunicação social manterá
uma linha editorial ao serviço do regime por consentimento e não por coerção.”
Turley citou as provas sobre
os Bidens divulgadas pelo deputado Byron Donalds (R), e outros, e os seus vãos
esforços em cativar a comunicação social para a história.
“Donalds e os seus
colegiais tentaram fazer o impossível. Depois de terem apresentado um labirinto
de empresas de fachada e contas usadas para canalizar até 10 milhões de dólares
para membros da família Biden, tentaram induzir a imprensa a mostrar algum
interesse no enorme escândalo de corrupção. Em princípio, isto seria uma
história de nível Pulitzer, mas a reacção dos meios de comunicação social
tradicionais foi bem ilustrada pelo New Republic, que noticiou: ‘Os
republicanos finalmente admitem que não têm provas incriminatórias contra Joe
Biden’. Isto é de outro mundo.”
A ironia da situação não
escapou a Turley:
“Há uma década atrás, quando
o então vice-presidente Joe Biden denunciava a corrupção na Roménia e na
Ucrânia e prometia uma acção por parte dos Estados Unidos, estavam a ser feitos
pagamentos maciços ao seu filho Hunter Biden e a uma variedade de membros da
família, incluindo os netos de Biden”.
A verdade é que a imprensa
corporativa americana há muito que estava preparada para se proteger e proteger
os Biden de reacções adversas quando rebentassem as revelações sobre a
corrupção da família do presidente. O brilhantismo da equipa Biden foi ter
implicado directamente os meios de comunicação social neste escândalo logo no
seu início, enterrando a história do computador portátil como “desinformação
russa” antes das eleições. Com a excepção do New York Post, os media ignoraram
os conteúdos desse portátil. Centenas de e-mails detalhavam condutas
potencialmente criminosas e tráfico de influências em países estrangeiros. As
redes sociais censuraram quem falasse no assunto e até suspenderam os posts do
NYP sobre o assunto. O envolvimento russo era claramente falso, mas foram precisos dois anos para que a maioria dos principais meios
de comunicação admitissem que o portátil era autêntico. Já estavam porém
comprometidos com a mentira.
Quando o New York Post
confirmou os conteúdos incriminatórios do portátil de Hunter, os meios de
comunicação social corporativos insistiram que não havia prova dos pagamentos
de tráfico de influências nem evidências claras de conduta criminosa e
ignoraram completamente os óbvios indícios de corrupção. E agora que o
Congresso apresenta essas provas materiais, continuam a assobiar para o lado,
com manobras retóricas como a do New Republic.
A defesa de Biden por parte dos
meios de comunicação social é, nas palavras de Turley, “ridiculamente absurda”.
“Os pagamentos iam para a
sua família, mas ele era o objecto do tráfico de influências. As provas mostram
que os pagamentos – de milhões – iam parar a contas de pelo menos nove membros
da família como dividendos de negócios. Como crítico de longa data do tráfico
de influências entre republicanos e democratas, nunca vi nada igual. O
objectivo do tráfico de influências é utilizar membros da família como escudos
para funcionários corruptos. Em vez de se fazer um pagamento directo a um
político, o que poderia ser visto como um suborno, é possível dar milhões ao
seu cônjuge ou aos seus filhos. Além disso, os e-mails do computador de Hunter
incluem referências ao facto de Joe Biden ter recebido 10% de um negócio
chinês. Também mostram associados de Joe Biden a avisar para não usarem o seu
nome, mas sim nomes de código como “o Grandalhão”. Ao mesmo tempo, o presidente
e a primeira-dama são referidos como beneficiários de pagamentos por parte de
Hunter”.
Nada disto, no entanto, demove
os apparatchiks da comunicação social convencional. Tanto nos
Estados Unidos como na Europa reina o silêncio, a omissão e a deturpação dos
factos, que são cristalinos como uma fonte de água mineral. A imprensa
corporativa dos tempos que correm é um grande Pravda. O verdadeiro motor da
‘desinformação’ que eles próprios usam como arma de arremesso contra aqueles
que ousam a dissidência.
Sobre os sucessivos escândalos
da família Biden e do seu despótico regime, como sobre todas as grandes
questões contemporâneas da vida social, económica e política do Ocidente, a
imprensa mainstream comporta-se como uma gigantesca rede de
propaganda regimental. E aqueles que ainda não se aperceberam deste fenómeno
são provavelmente vítimas do seu impacto: o seu cérebro foi lavado para além do
ponto de não retorno.
Título e Texto: Paulo Hasse Paixão, ContraCultura, 18-5-2023
Regime Biden entrega mais 2,3 milhões de dólares à EcoHealth Alliance para investigar o coronavírus dos morcegos.
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