sexta-feira, 10 de março de 2023

[Foco no fosso] Vai comprar ingresso antecipado?

Haroldo Barboza

Brigas por futebol (e até outros esportes) já ocorriam antes de eu completar 10 anos. Mas se limitavam a sopapos e palavrões entre 5 ou 8 bêbados exaltados que terminavam em menos de 10 minutos.  

De 2001 para cá, os ânimos ficaram mais acirrados e equipamentos de “guerra” foram incorporados às brigas: soquetes, correntes, madeiras com pregos nas pontas, facões e armas de fogo.

RJ e SP por terem maior quantidade de times de renome, abrigam as maiores lutas urbanas. E são copiados por outros Estados do país.

Quando a lotação esgota (acima de 50.000), bandos de quase 200 marginais de cada lado exibem seus dotes guerreiros diante da força policial desmoralizada que contempla a rinha. Por falta de equipamento eficaz e de apoio maciço da hierarquia superior, jogam bombinhas de gás, ao invés de tiros nas pernas dos arruaceiros que danificam o patrimônio público e privado. Não podem ser mais “incisivos” pois a imprensa já tem a manchete-padrão para o dia seguinte:

“Polícia age com truculência sobre 3 ou 4 (trabalhadores?) que se excederam nas comemorações após término do jogo de ontem. As famílias dos agredidos exigem (justiça).”  

Hã?

Com 2 mortes e 4 casos de invalidez a cada 3 confrontos, as famílias não estão levando filhos menores de 11 aos estádios nem com menos de 12.000 torcedores. E os dirigentes esportivos que não pressionam os legisladores a editarem penas mais duras para estes atos de terrorismo, cada vez mais perdem “torcedores do futuro” que estão optando por joguinhos nas telas virtuais.

Legisladores, executivos e juristas não se movem por acomodação e para não correrem o risco de terem de prender alguns jovens filhos deles mesmos, de empresários que patrocinam suas campanhas eleitorais e celebridades que influenciam seguidores que com “likes” demonstram suas admirações por esses “defensores” das inocentes badernas urbanas.

A força policial atada, se limita a dar declarações pífias, do tipo:

“nosso setor de inteligência (*) está em processo de identificação dos arruaceiros e logo os colocará na prisão para dar curso ao processo.”

(*) Este setor precisa de reformulação, pois desde 2001 estão “procurando” os líderes dos incautos. Será que já pensaram em vasculhar nas redes sociais onde os baderneiros combinam brigas com uma semana de antecedência? Fornecem até data e local da refrega.

Só falta venderem ingresso para os adoradores do BBBB que desejam obter fotos destas “emocionantes” batalhas.

Título e Texto: Haroldo Barboza, março de 2023

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