Perdi a paciência para com os doidos. Afinal, é graças à cumplicidade deles que somos esmagados e enxovalhados e assaltados e até atropelados por Costas, Marcelos, Ferros, Cabritas, Rios e o que calha
Alberto Gonçalves
Aqui há. Aqui há de tudo. Aqui
até há tempo de antena, sem contraditório, para médicos que descrevem o “caos”
nos hospitais onde trabalham, embora alguns estejam às moscas no que toca a
internamentos motivados pelo vírus chinês. Aqui há entidades oficiais que
empreendem uma gigantesca campanha de vacinação sem assumir, ao contrário do
que acontece com as suas congéneres no resto do planeta, uma única consequência
positiva para as pessoas que aceitam a injeção, ou são empurradas para ela.
Aqui há um primeiro-ministro que, para inspirar subjugação, simula estar em
“isolamento profilático” após alegadamente se ter vacinado, observado as
“regras” e testado negativo. Aqui há charlatães que puxam dos pergaminhos em medicina,
matemática ou polo aquático a explicar que a atitude do dr. Costa faz sentido.
Os charlatães afirmam que temos de nos vacinar, testar, distanciar e usar um
farrapo nas trombas porque se não nos vacinarmos, testarmos, distanciarmos e
usarmos um farrapo nas trombas podemos adoecer e contaminar o próximo, e que se
nos vacinarmos, testarmos, distanciarmos e usarmos um farrapo nas trombas
podemos na mesma adoecer e contaminar o próximo. A lógica disto é irrefutável:
entrámos no manicómio. Naturalmente, os malucos, que aparentam ser uma vasta
parte da população, batem palmas.
O engraçado, se não fôssemos vítimas, é que isto é perpetrado em nome da “ciência”. Há quase 200 anos, o velho Proudhon lançou o conceito de “socialismo científico”, e desde então andamos a descobrir o que sucede quando essa contradição em termos vem ao de cima. Misturar a cegueira com a busca do conhecimento não é apenas impossível: é desastroso. No desastre vigente, limitamo-nos a pagar o preço por deixar um assunto de saúde pública nas mãos de fanáticos, oportunistas e demagogos sem escrúpulos e com ambição. Claro que a culpa é partilhada pelos “media” tradicionais, que têm na loucura “pandémica” o alívio provisório do seu fatal anacronismo. E por uma oposição castrada. E por “peritos” que repetem delírios para esticar a inesperada popularidade de que começaram a desfrutar. Porém, em penúltima instância, a culpa é de quem manda. Em última, é de quem percebe a prepotência e se resigna à prepotência.
Duas ou três considerações. A
Covid provocou em toda a parte reações a princípio desorientadas e, depressa se
notou, exageradas. É talvez um sinal dos tempos, tempos de maior conforto e
menor discernimento: em 1958 e 1968, as gripes Asiática e de Hong Kong,
respectivamente, mataram quantidades similares à Covid sem um milésimo da
balbúrdia e dos danos “secundários”. De qualquer modo, em 2021 existe a vacina.
A vacina, ao que se constata, funciona (e numa percentagem significativa para
todas as “variantes”, incluindo a Delta Plus, a Delta Ultimate e a Delta Mega
Force). Nas nações democráticas, a eficácia da vacina é um argumento para o
regresso ao normal, descontados certos resíduos autoritários que conviria
erradicar em breve. Em Portugal, regressar ao normal não é hipótese.
Em Portugal, a Covid é um pretexto, e já não uma ameaça. Há um partido, com um projeto muito adiantado de conquista do poder, que se foi apercebendo das portas que a Covid lhe abria. Não é difícil reinar arbitrariamente sobre uma sociedade primitiva, fechada à realidade e aberta à crendice e à dependência. Se lhe acrescentarmos o medo, leia-se um pavor irracional da morte alimentado por “noticiários” de fancaria, a conquista fica consumada. Por isso o governo e os seus serviçais teimam na estratégia do susto, à revelia da ciência de facto: uma sociedade embrutecida, temerosa e decorrentemente doida facilita a empreitada.
Doidos não faltam. Os doidos
despejam babugem nas mãos de dez em dez minutos, ainda que o risco de apanhar o
vírus em superfícies seja comprovadamente ínfimo. Os doidos usam máscara ao ar
livre e nos próprios carros. Os doidos são incapazes de ponderar riscos banais.
Os doidos tomam a vacina e não acreditam que a vacina os defenda. Os doidos,
que apreciam salário seguro e Netflix, exigem confinamentos para prevenir
calamidades imaginárias e suscitar calamidades certas. Os doidos levam a sério
a propaganda alucinada (Ai, o R(t)! Ai, a “incidência”! Ai, a estirpe Omega!) e
desprezam a evidência de que a Covid, enquanto doença mortal e enquanto vigorar
a função das vacinas, praticamente sumiu. Os doidos, que em janeiro comparavam
as mortes “de” e “com” Covid à queda diária de um avião, não fazem comparações
com o acidente diário de um Smart. Os doidos não entendem que a discrepância
entre o aumento de “casos” e o número de mortes é uma óptima notícia e não um
truque para violar a Constituição, decretar “obrigações” ilegais, arrasar o
pouquíssimo que sobra da economia e reforçar o domínio. Os doidos são a prova
de que a Covid produz estragos duradouros no cérebro, incluindo antes da
infecção.
Algures neste ano e meio,
perdi a paciência para com os doidos. Afinal, é graças à cumplicidade deles que
somos esmagados e enxovalhados e assaltados e até atropelados por Costas,
Marcelos, Ferros, Cabritas, Martas, Gracinhas, Pedros Nunos, Salgados, Vieiras
da Silva, Mortáguas, Medinas, Césares, Louçãs, Rios e o que calha. A doideira
não é atenuante para o mal que causam. Os taradinhos da Covid que se
entretenham a cumprir “regras” e ler gráficos insultuosos, como os antigos liam
as entranhas das perdizes para decidir se desposavam a vizinha ou cultivavam
cevada. Embora tardiamente e aos poucos, a generalidade dos países reduziu a
Covid a um problema que importa ultrapassar. Os portugueses que gostam de
mandar e os portugueses que gostam de obedecer veem na Covid uma benesse
permanente. É com eles.
Aos demais, os raros
portugueses que prezam a liberdade, cabe rir das restrições, dos cercos, das
multas, dos políticos, das polícias, dos “peritos” e dos patetas – e viver a vida.
Eu, pelo menos, só tenho uma. E, aqui ou em paragens civilizadas, não tenciono
desperdiçá-la na veneração de pânicos falsos e bandidos verdadeiros. (E agora,
enfim, chega o divertido momento em que o chalupa da aldeia consulta os astros
e o boletim da DGS, desce a máscara ao queixo, aponta o dedinho a pingar
álcool-gel e, transido, acusa-me: “Negacionista”. Mas se lhe atiramos alho ou
um espirro ele foge).
Título e Texto: Alberto
Gonçalves, Observador,
3-7-2021
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