O comediante faria 79 anos nesta quarta-feira
Ediel Ribeiro
Eu tinha um bar em Ramos,
perto da quadra do Bloco Cacique de Ramos, na Rua Uranos.
Quando acabava a roda de
samba, de madrugada, os pagodeiros passavam por lá pra tomar a saideira.
Menos o Bira Presidente, que
não bebia – mas gostava tanto de boteco que em 1975, juntamente com João e
Anita (pais do Dudu Nobre), fundaram, na Vila da Penha, o primeiro bar com
pagode de mesa.
Em compensação, o irmão,
Ubirany – inventor do repique – tomava todas. E não caía. Saía todo mundo ruim,
e ele, reto.
Todo mundo bebia, no Cacique de Ramos: Ubirany, Sereno, Neoci, Almir Guineto, Arlindo Cruz, Zeca Pagodinho, Luiz Carlos da Vila e, principalmente, Mussum – o ex-Trapalhão [foto], outro filho do Cacique.
Mussum teve origem humilde:
nasceu, Antônio Carlos Bernardes Gomes, no Morro da Cachoeirinha, no Lins de
Vasconcelos, zona norte do Rio de Janeiro.
Mudou-se para São Paulo e fundou o grupo Os “Sete Modernos”, que deu origem aos “Originais do Samba”. Com o grupo, gravou no total 13 álbuns, e obteve vários sucessos. Deixou o grupo para integrar “Os Trapalhões”.
O sambista era frequentador
assíduo da quadra do Bloco Cacique de Ramos. Era amigo de todos. Cantava,
tocava e tomava porres de proporções bíblicas com a turma.
Mussum, quando bebia, tinha
uma brincadeira que perturbava todo mundo: Era o ‘Tá com a morte’. Tipo um
pique. Ele batia no braço de um e gritava: ‘Tá com a mortis’.
O sujeito só se livrava da tal
da morte do Mussum quando conseguia bater em outra pessoa e dizer ‘Tá com a
morte’.
E numa dessas palhaçadas de
‘Tá com a morte’, ele dançou.
Passou a morte para a pessoa
errada.
Foi para cima do Neoci
(ex-integrante do Grupo Fundo de Quintal, que faleceu em 1981, filho do
compositor João da Baiana), bateu no ombro dele e mandou: “Tá com a mortis”.
Neoci, aquela altura, já
estava chamando urubu de meu louro e não conseguia passar a morte para ninguém.
E Mussum caindo em cima dele,
tirando sarro a noite toda.
Já de manhã, Neoci sacou uma
pistola e falou: ‘Mussum, vem cá’. Apavorado, Mussum se aproximou. Neoci bateu
com a arma no ombro dele e falou: ‘Tá com a morte’ .
Mussum nunca mais passou a
morte pra ninguém.
Título e Texto: Ediel Ribeiro, Diário do Rio, 7-4-2021
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