Pecuaristas dizem que podem repetir o protesto na Avenida Paulista
Artur Piva
Milhares de espetos de carne
foram distribuídos por pecuaristas de todo o país em frente a agências do
Bradesco no dia 3. O evento recebeu o nome de ‘Segunda-Feira com Carne’.
Os atos foram organizados em
vários municípios brasileiros e ocorreram em resposta a uma peça publicitária
do Bradesco que propunha a “segunda-feira sem carne”. O informe do banco
atrelava o consumo da proteína à emissão de gases do efeito estufa.
Na cidade de Ribeirão Preto (SP), um dos principais centros do agronegócio brasileiro, o Sindicato Rural distribuiu milhares de espetinhos de carne em frente à uma agência do Bradesco. O mesmo aconteceu em Presidente Prudente, também no interior paulista. Houve até fila para participar da manifestação.
Fila na na ‘Segunda-Feira com Carne’ em Presidente Prudente | Foto: Divulgação |
O evento em Cuiabá (MT)
ocorreu do mesmo modo e contou com o apoio de sindicatos rurais regionais e
também de associações como a Brasileira dos Criadores de Zebu, a dos Criadores
de Mato Grosso e a dos Criadores de Nelore de Mato Grosso.
De acordo com Paulo Leonel,
diretor do Grupo Adir, uma das maiores empresas pecuaristas do país, a contagem
extraoficial mostra que os churrascos em frente ao Bradesco ocorreram em pelo
menos 215 cidades do Brasil.
“O produtor mostrou que
começou a se defender”, disse Leonel. “Chega de ser agredido por um banco que
ficou desse tamanho por causa do agro.”
Mais “Segunda-Feira com
Carne”
Paulo Junqueira, presidente do Sindicato Rural de Ribeirão Preto, afirmou que, se o Bradesco não tomar atitudes concretas para defender o setor, poderá haver uma “Segunda-Feira com Carne” na Avenida Paulista, em São Paulo.
“O Banco Bradesco deve quanto
antes definir o seu lado”, disse. “Se o Bradesco não tomar providências, vamos
para a Avenida Paulista em São Paulo.
Na opinião de Junqueira, o
banco precisa “tomar atitudes concretas, não a conta-gotas”. Ele disse que é
preciso “falar a verdade” em todo o Brasil sobre “o que representa o agro para
nós e para o mundo”.
Cancelamento de contas
bancárias
Além de fazerem a
“Segunda-Feira com Carne”, Junqueira disse a Oeste que os
associados do sindicato em Ribeirão Preto começaram a encerrar suas contas no
Bradesco.
Um deles é Leonel. O diretor
do Grupo Adir enviou um comunicado aos fornecedores solicitando que os boletos
não sejam mais emitidos em contas do Bradesco.
A empresa dirigida por Leonel
foi fundada em 1958 e detém 3% de participação do mercado de genética bovina da
raça nelore no país. Ela atua da produção de sêmen ao abate animal. Cerca de 8
mil cabeças de gado estão em seus pastos.
“O cancelamento das contas tem
se propagado muito no meio”, disse o empresário. “O produtor rural começou a
entender que, se ele não defender o que é dele, será massacrado.”
Título e Texto: Artur Piva,
revista Oeste, 4-1-2022, 6h05
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