Artigo foi publicado na revista científica Scientific Reports
Cristyan Costa
Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) asseguram que o isolamento social é ineficaz contra o coronavírus. Em estudo publicado na revista científica Scientific Reports no mês passado, cientistas analisaram a relação entre o confinamento e o número de mortes por covid-19. Obtidas através do índice de mobilidade do Google, as estatísticas foram coletadas de fevereiro a agosto de 2020. A pesquisa abrangeu 87 locais diferentes: 51 países, 26 Estados — mais o Distrito Federal — e seis capitais no Brasil (Manaus, Fortaleza, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre), além de três grandes cidades de outros países (Tóquio, Berlim e Nova Iorque).
A associação entre o “fique em
casa” e a redução de óbitos nas áreas estudadas não foi significativa para mais
de 98% delas. E em apenas 63 (1,6%) amostras do total de 3.741 combinações foi
encontrada uma diferença significativa.
Depois da publicação do
artigo, pesquisadores que refizeram os cálculos enviaram comentários para
a Scientific Reports, que aguarda a tréplica dos autores. O
levantamento da UFRGS concorda com similares.
Em junho do ano passado, o
banco J. P. Morgan publicou uma análise mostrando que o lockdown não
tem efeito no enfrentamento da epidemia: “O patógeno tem sua própria dinâmica,
não relacionada às medidas muitas vezes inconsistentes de lockdown.”
A derrota do confinamento
Publicado pela revista britânica The Lancet em julho de 2020, um estudo revelou que, em uma comparação entre 50 países, a covid-19 foi mais mortal em lugares com população mais velha e com maior taxa de obesidade, mas não se observou redução de mortalidade em países que fecharam suas fronteiras ou aplicaram o “bloqueio completo”. Na Universidade de Edimburgo, na Escócia, um pesquisador concluiu que as infecções na Grã-Bretanha já estavam diminuindo antes que o lockdown começasse no fim de março.
Uma análise realizada pelo
Instituto de Tecnologia de Karlsruhe descobriu que as infecções na Alemanha
estavam se reduzindo na maior parte do país antes do início das medidas de
confinamento. Também foi provado que o toque de recolher imposto na Baviera e
em outros Estados não surtiu efeito.
Nos Estados Unidos, menos de
1% da população vive em lares de idosos, mas, em janeiro de 2021, essa pequena
fração foi responsável por 36% das mortes por covid-19 no país. Até mesmo quem
estava “protegido” entre muros não escapou do contágio.
Título, Imagem e Texto: Cristyan
Costa, revista Oeste, 14-4-2021, 11h10
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