J.R. Guzzo
O governo Lula, desde a eleição, tem mostrado que o seu principal propósito administrativo é a demolição, e não a construção. Em vez de fazer alguma coisa, quer desfazer o que está feito, e principalmente o que está bem feito – não importa o quê. Veio do tempo de Bolsonaro? Então tem de ser destruído. Pode ser o programa de alfabetização, ou um departamento do Itamaraty que dava apoio no exterior ao agronegócio, ou qualquer outra coisa; a meta é não deixar de pé nada que tem origem no governo anterior.
A grande obsessão do
presidente, no momento, é eliminar a independência do Banco Central, em vigor
desde 2021; quer ocupar a presidência e os cargos de diretoria com militantes
políticos que obedeçam a suas ordens. O resultado concreto disso é que decisões
essenciais para a ordem na economia, como taxa de juros, emissão de moeda ou
câmbio, voltariam a ficar subordinadas à vontade do presidente da República.
Todas as democracias sérias do
mundo, sem nenhuma exceção, têm bancos centrais independentes do Poder
Executivo. Será que fazem isso por algum capricho – ou por que acham que a
estabilidade da moeda é um elemento essencial para a existência de uma sociedade
democrática? Mas no Brasil de hoje tudo é diferente. Lula e o seu Sistema dizem
a cada quinze minutos que ele salvou a democracia neste país – só que a sua
democracia inclui cada vez menos os fundamentos dos regimes democráticos, e
cada vez mais o aparato das ditaduras de Terceiro Mundo, ou dos governos
fracassados em geral. Uma das marcas mais evidentes de umas e de outros é,
justamente, o controle do Banco Central por quem está ocupando a presidência da
República. Nunca deu certo, em lugar nenhum.
Todas
as democracias sérias do mundo, sem nenhuma exceção, têm bancos centrais
independentes do Poder Executivo
A única autoridade pública nacional que ainda tem alguma credibilidade no Brasil é o Banco Central; é a âncora que está segurando, por enquanto, a inflação, o dólar e outros índices-chave da economia. Isso acontece porque o BC faz o que é necessário, e não o que Lula quer – e, pela lei, aprovada pelo Congresso e confirmada por 8 a 2 pelo STF, num julgamento sobre a sua constitucionalidade, tem o direito e o dever de fazer isso pelos próximos dois anos, quando termina o mandato da atual diretoria. Lula, pelo que diz e repete com voz cada vez mais alta, não quer esperar até lá. Afirma, nos discursos, que o BC não pode ter autonomia porque não “combate a pobreza”, não “faz o país crescer”, não “controla a inflação” e uma porção de outros disparates.
No caso da inflação, o que o presidente diz
não é apenas uma estupidez. É uma mentira frontal, dessas que o seu governo
quer punir como “fake news”, ou “desinformação” – a inflação do Brasil, que
fechou 2022 abaixo dos 6% ao ano, é inferior à dos Estados Unidos e à de quase
todos os países ricos da Europa.
Lula, na verdade, está pouco
ligando para a pobreza, o desenvolvimento ou o equilíbrio econômico do país; o
que quer é transformar o BC, o único órgão importante da administração pública
no qual ainda não manda, num serviço de atendimento aos interesses políticos do
governo.
Nada poderia demonstrar isso
de maneira mais objetiva do que as declarações de uma das ativistas radicais
mais eminentes do seu ministério – a ministra da Ciência e Tecnologia, que
acaba de exigir, também ela, o fim da autonomia.
Que diabo o Banco Central
tem a ver com ciência, ou com tecnologia? O fato é que a ministra, no mundo
das realidades, não cuida de nenhuma das duas coisas. O que está fazendo é
política extremista e subdesenvolvida – cumpre instruções de um presidente
obcecado com a ideia de obter poderes absolutistas sobre a economia do Brasil.
Título e Texto: J. R. Guzzo,
Gazeta do Povo, 16h04
Jair Bolsonaro Breaks Post-Presidency Silence at Turning Point USA Miami Event
Um Brasil com linguagem controversa e sem governo
Democracia inabalada
Culpado é mais lucrativo
Um governo de más notícias
Por que Lula quer acabar com a independência do Banco Central?
O Senado decide ser cúmplice, não vigilante
Os primeiros efeitos da eleição no Congresso
Lula volta a atacar a autonomia do Banco Central
SELIC é a taxa básica de pagamento da dívida pública. Taxa menor mais dinheiro no cofre petista.
ResponderExcluirSó no Brasil – e Portugal – essa gente prospera!
ResponderExcluirPsol apresenta projeto de lei para revogar a independência do BC
O Banco Central é um cabide de empregos. Sempre foi.
ResponderExcluirCarina
Ca
Santo Eduardo RJ